
O que aconteceu a seguir não sei. Não controlo bem os meus sonhos. Acordei. Suponho que tenhamos todos formado uma fila de pixas ao léu para que ela nos chupasse a todos. Devíamos ser três ou quatro, também não mais que isso. E lá fomos fazer companhia a ele. Aquilo descambou num gang-bang. Mas isso sou eu a supor, tentando que o sonho acabasse bem.
Nem todos os sonhos têm finais felizes. Os meus raramente têm. Caem-me dentes, bato com carros que nunca soube conduzir, por vezes toco guitarra de uma forma que nunca pensei, outras vezes parto cordas miseravelmente, ando descalço à noite pela rua, percorro encostas misteriosas junto a um rio maldito talvez apenas por masoquismo, corro desesperado para apanhar o comboio certo que está sempre adiantado, passeio por caminhos junto a ruas de velhas fábricas, voo sem controlo, perco-me. Basicamente, é isto. Não é muito feliz, convenha-se. Mas também não se pode dizer que são sonhos propriamente infelizes. São sonhos inconclusivos. Andam por ali às voltas sem terem um fim certo. Às vezes caio ao chão, às vezes à água, e aí sim, podemos dizer que o sonho acabou. Mas é raro. Nos meus sonhos ando para ali às voltas. Nada faz sentido. Não tenho rumo. Não mando nada. Sei que estou num sonho, de vez em quando. Mas isso para nada me serve. Nunca atingi nada. Nunca fiz aquilo que sempre sonhei fazer em sonhos. Talvez por isso mesmo, por nunca sonhar com nada que sonhasse fazer.
As gajas feias devem saber mamar. Para compensar a sua feiura. Se Deus existe, é isto que acontece. E foi isso que aconteceu com ela. Por trás daqueles dentes tortos, olhos vesgos e pernas deformadas, esconde-se uma máquina brochista sem perdão. Tem de ser esta a ordem natural das coisas. As gajas boas são umas totós, as gajas feias mamam com uma volúpia inexcedível. Porque sabem que cada pau é uma oportunidade que tão cedo não voltarão a ter. A intermitência com que os paus passam diante delas aguça-lhes o apetite e o engenho. E dificilmente dirão que não.
A menos que sejam maçons. A maçonaria é um cancro. Se uma gaja que é feia recusa-te um broche, é porque é maçónica e só vai querer mamar noutro maçónico de hierarquia superior para subir na cadeia. Tenho medo dos maçónicos. Andam por todo o lado, controlam tudo, são os nossos chefes que se reúnem secretamente para decidir quem vai controlar o quê e vão espezinhar-te se precisarem disso. Se não és maçónico nunca podes ser realmente bom. Os maçónicos levaram-nos para a crise mas mantiveram-se fora dela. São uns grande filhos-da-puta, na minha modesta opinião não-maçónica. Os aventais e as lojas com nomes pomposos e o secretismo e o elitismo e o snobismo e essa trampa toda. Dão-me nojo. Gajas feias ligadas à maçonaria é do pior que pode haver. Nem mamam, nem deixam mamar.
A crise em Portugal é como o bacalhau. Sabemo-la apresentar de mil e uma formas: crise política, financeira, económica, social, sexual, de identidade, de valores, do sistema, de tudo o que possa imaginar; se há crise, nós temo-la, tivemo-la ou iremos ter primeiro que os outros, de uma forma indiscutível. É uma característica nossa. Só nossa. Os noruegueses comem o bacalhau sem ser demolhado e espantam-se quando as coisas vão menos bem. Mas nós temos o savoir-faire e encaramos as coisas com uma naturalidade estarrecedora. São virtudes que não se podem ensinar com uma simples receita.
Como é que ela pôde mamar tão bem no meu sonho? Como é que ela entrou no meu sonho? Com tanta gaja boa no meu subconsciente? Estou em crise. Uma crise pessoal sem explicação. Sou mesmo português.
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