quinta-feira, abril 09, 2009

O Novo Cisma

Tem havido grande discussão na Igreja sobre a utilização do preservativo.
A maior parte dos sacerdotes está contra. A opinião geral é que eles querem sentir a pele do órgão e não estão para levar com intermediários de latex. “Nem pensar”, diz-nos um representante desta facção, “se é para levar na anilha, então levemos como deve ser”, confidencia-nos um feijão-frade anónimo. Perdão, apenas o frade. Esta fonte foi mais longe e disse “uma verga de um preto tem que ser apreciada em toda a sua plenitude; esse instrumento do mal a que se convencionou chamar «preservativo» retira o odor acre e o contacto pujante com a pele do mastro negro”.
A polémica numa das últimas jornadas de discussão incendiou-se quando um monge revelou-se a favor do uso do contraceptivo, mas não pela facilidade em evitar doenças sexualmente transmissíveis ou para evitar rebentos indesejados. Não. Ele gosta é dos sabores. “Desde que chupei um pau de framboesa não quero outra coisa” foi a frase-rastilho. A partir daqui, gritos e vozes iradas atravessaram o claustro, ora apoiando (“E havias de provar o novo de chocolate da Durex”), ora condenando semelhante afirmação (“E depois perdes o gostinho de sentir aquele jacto quente na tua cara, não?”)
Mesmo dentro da minoria que assume o seu celibato heterossexual não existe consenso. Se alguns se proclamam os donos de pequenas aldeias no interior e estão contra o pedaço de plástico (“Sou pai de 60% desta aldeia e as mulheres sabem que podem contar comigo para lavar-lhes o útero com o meu esperma que elas pensam que é leite Mimosa sagrado. Preservativo não, não é natural e faz-me perder o motivo para saltar-lhes para cima”), outros não assumem a sua produtividade sexual mas entendem que as práticas defendidas pela Igreja – e os orifícios em geral – devem abrir-se mais (“Eu só permito que me façam sexo oral no confessionário. Sexo a sério apenas atrás do altar. E sempre seguro, que eu não quero cá confusões com adolescentes prenhas. Sim, devíamos usar todos preservativos e derramar o esperma na cara dessas beatas porcas”). Apesar de todo este debate ter gerado muita excitação e algumas saídas discretas – geralmente em grupo – para aliviar tensões, os sacerdotes estão muito longe de chegar a acordo sobre esta questão essencial para o futuro do país e, sobretudo, para a intensa actividade sexual deles mesmos.
Por tudo isto, está em vias de se gerar o novo Cisma – deixar a pixa rolar livremente ou não, eis a questão.
Para já, estão marcados dois fóruns distintos onde se prometem extremar posições: do lado dos proibicionistas, a discussão vai incidir sobre a necessidade de aumentar a taxa de natalidade, para assim haver maior probabilidade de aumentar igualmente o número de devotos. Também existirão colóquios específicos sobre a diabolização de todas as práticas sexuais que não se proporcionem com o contacto directo entre dois corpos, com especial destaque para a masturbação e a utilização de dildos (“Irmão, diz não ao prazer da tua mão” é o mote da apresentação).
Do lado, digamos, liberal, conta-se com a presença da sexóloga Marta Crawford, que irá debruçar-se sobre a lubrificação correcta dos preservativos. Sabe-se que Marta é defensora de lubrificantes apenas à base de água, pois outros tipos de lubrificante poderão condicionar a eficácia do contraceptivo. Os sacerdotes irão pegar nesta deixa e incentivar à lubrificação com recurso à água benta, que não só permite manter intactas as qualidades do preservativo como o purifica totalmente. Está ainda por apurar se depois os sacerdotes pegarão na própria Marta Crawford para uma demonstração prática, algo que certos elementos não desdenhariam, embora muitos preferissem a Dra. Ruth ou o David Beckham. Marta Crawford admite negociar essa questão se lhe for reservado um lugar condigno no céu. E um colchão confortável na sacristia.

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