domingo, maio 31, 2009

Cock Robin

Os Cock Robin talvez tivessem tido mais sucesso se tivessem mudado o nome para Penis Batman.

Esta piada é do caraças. Vejam lá: demonstra conhecimento da música pop dos anos 80, do cinema no geral e dos filmes pornográficos e de acção em particular, da banda-desenhada e da inclinação do Robin para o pénis. E junta todos estes ingredientes num pequeno tachinho, adiciona-lhes aqueles pozinhos de ironia até a mistura adquirir uma forma consistente e depois é servi-la ainda esquentada, para desfrutarmos daquele paladar pleno de verve e traquinice. Brejeira ma non troppo, não vai cativar muita gente porque muita gente não reconhece a verdadeira arte da escrita espirituosa nem que ela se despisse a um palmo de distância.
Mas isso não lhe retira o mérito. É só uma frase. Só um ponto final, sem vírgulas. Curta. Ainda podia ser mais curta, porém é suficientemente curta. Curta e boa. Podia-se torná-la mais comprida mas assim está bem. Não é por nada, mas é melhor não desperdiçar tanta boa disposição só de uma vez. As coisas boas requerem preguiça para podermos amadurecê-las na nossa cabeça, mariná-las nos nossos sentidos e digeri-las com um prazer dolente. E sempre em pequenas doses, que é para não parecermos uns pelintras culturais cheios de fome. É, eu não quero esticar-me muito. O segredo está na contenção, em portarmo-nos como autênticos snipers da palavra, estarmos atentos ao supérfluo e, pumba!, resumir tudo ao essencial. É tão bonito. “Cock” por “penis” e “Robin” por “Batman”. Um grande trocadilho com todas as letras.
E às vezes, as ideias brotam nas nossas ramificações neurológicas qual Primavera da inspiração, refulgindo como brilhantes pedaços do pensamento intelectualmente superior ao sol, numa incisiva torrente de consequências imprevisíveis.

- Por que lhe acusavam de ser homossexual nos anos 80, Batman?
- Gostava de Cock, Robin.

Brutal.
E é melhor ficar por aqui.
Fica para a próxima, está bem?
Eu sou preguiçoso, já disse.
E estas foram muito boas. Não me peçam mais por agora.
Aproveitem.

Espectáculo.
Muito, muito bom.
Uma criatividade que abraça mais que uma vertente cultural.
Não se vê todos os dias.
Não tentem ir por aí… Isto não tão fácil quanto parece…
Tem que parecer que é fácil, mas não é… nada disso…
Engana muito, eu sei…
É preciso é jogar com várias referências ao mesmo tempo…

- Tens cara de Cock, Robin.
- Mas meto Pussy Galore...

Pronto, já fui um bocadinho longe de mais… esta já ninguém vai lá. Bolas, pá!, eu devia ter parado! Podia ter acabado quando as coisas ainda estavam lá para cima. Deslumbrei-me com tanta facilidade. Foi pena, estava tudo a correr bem… Mas ainda é uma graçola com o seu encanto, não é?... tem a sua gracita… pois é, pois é… ena, tem feito muito calor, não tem?... hmmm… olha ali, o que é aquilo?

- Já arranjei Cock, Robin.
- "Remember The Promise You Made"?
- Foi só um tracinho "Just Around The Corner".

Muito à frente. Outro campeonato. Uma brincadeira lexical de elevado nível. Quando pensavam que as coisas iam irremediavelmente a deslizar para o fundo acontece a estocada final. Com esta já não contavam, pois não?
Mas já chega de tanta palha. Não me posso esquecer do pacto de contenção.
Agora é que é.
Chega de amostras grátis.
Agora só mesmo a valer.
Onde é que eu assino?

- Já ouviste os Cock Robin?
- Não; eu só os chupo, Batman.
- Como assim? Não os conheces?
- Sim, sim... conheço alguns dos Bosques.
- Dos Bosques, Robin?
- Robin dos Bosques, sim, sou eu.

domingo, maio 24, 2009

Taça É Taça - Parte III


Chegou o momento anual de seriedade do Outra Louça: uma abordagem à final da Taça de Portugal. A verdade é que o Outra Louça não é muito de efemérides e a final da Taça ainda nem sequer se jogou. E quando se jogar não vai contar com a presença do Sporting.
Sendo assim, analisemos sucintamente o que foi a época do Sporting, mais concretamente, o desempenho dos seus jogadores (exceptuando este último jogo em que uma série de lesões, castigos e sei lá que mais propiciaram a chamada de quatro juniores ao plantel principal e tornaram Romagnoli, mais do que uma séria hipótese para a titularidade, um elemento imprescindível do onze inicial – só para se ter uma ideia da dimensão destes condicionalismos).

Do lado mau/ decepcionante:
Os laterais – Abel talvez se sinta uma pessoa mais realizada se algum dia sacar um cruzamento bem medido na linha de fundo; como isso já não deve vir a suceder, mais vale preocupar-se com o cabelo e em emagrecer um bocadinho. Não esquecer que foi este o homem que marcou um golo por acaso em Old Trafford e que nem escondeu a felicidade dessa situação, de tão mau que foi o centro. Ou seja, ele próprio está consciente que anda nos limites há uma porção de tempo e que dificilmente ultrapassará o patamar de mediania que caracterizou a sua carreira.
Pedro Silva não é sequer um lateral; é um tipo que gosta de correr com a bola sempre em frente, sem noção do perigo; no fundo, é como um cão que se vê livre da trela e corre desalmadamente para a estrada onde virá um camião que o atropelará. Tem jeito para o lançamento do disco, mas isso raramente servirá de argumento para um lateral-direito decente.
Grimi prometeu; contudo, tornou-se mais célebre pelos seus conhecimentos noctívagos e nunca mais recuperou daquele lance contra o Porto. A lesão parece ter sido mais um acto de misericórdia que outra coisa.
Caneira especializou-se a cometer penalties e em arranjar lesões inoportunas, mas tem a desculpa de não ser lateral de raiz.
E de Ronny nem vale a pena falar.
Miguel Veloso e Yannick – dois irmãos, não de sangue, mas de inconsistência mental. Um já se refere a si na 3ª pessoa, vendo fantasmas junto à linha lateral e auto-vedetizando-se de uma forma que arrancaria muitos sorrisos trocistas, não fosse essa uma fórmula já gasta. O cabelo muda consoante os humores e talvez já só a Fátima Lopes vislumbre nele a capacidade de concretizar todo o potencial que estará algures lá dentro. O que é pena. Já Djaló, o comboio negro que avança mais rápido que a bola, foi castigado com a ausência total e o registo nulo de golos desde que em Basileia ficou triste por ter marcado o tento vencedor. O tipo ficou mesmo aborrecido e vai daí, tumba!, toma lá o que mereces. Ao contrário de Veloso, porém, não me parece que tenha tanto valor desperdiçado quanto isso; é mais um hype musculado da Academia do que propriamente o avançado por quem Portugal anseia.
Vukcevic – o maluco do Montenegro disse que queria ser operado ao ombro quando começava a re-despontar e teve a vontade feita. Enquanto ele estivesse anestesiado, podiam aproveitar a oportunidade e fazer-lhe uma incisão no crânio, a ver se lá se alojavam alguns bichinhos carpinteiros para então exterminá-los. O Sporting podia ganhar ali um grande jogador.
Rochemback - o gordo. Lentidão exasperante no meio-campo e nem um livre para amostra. Não foi de todo decepcionante, porque as expectactivas já não eram muito elevadas, mas em todo o caso recomenda-se menos picanha e mais desenvoltura. Estranho o peso que dá mostras de possuir no balneário. Ou talvez não, porque acaba por ser uma questão... de peso.

Do lado bom/ surpreendente:
Rui Patrício – sempre fui muito céptico com este gajo, é verdade; mas este ano, vendo bem as coisas, julgo que ele optou por despejar cola nas luvas ao invés da banha de porco que colocara o ano passado. Tenho de dar a mão à palmatória e reconhecer que houve progressos.
Daniel Carriço – agradável revelação, malgrado alguns deslizes. Pode vir a ser melhor que o Beto, o que não implica necessariamente arranjar uma gaja tipo Filipa de Castro.
Izmailov – tem cara de russo e é expansivo como um russo, o que será a sua melhor qualidade. Isto é, a discrição, que neste caso se alia à competência e ao grande espírito de equipa. Tem uma débil condição física mas é dos jogadores tacticamente mais inteligentes que já vi jogar. Consolidou a sua posição, apesar de tudo.
João Moutinho – não chegou, nem de perto, àquele que parece ter sido o seu píncaro de forma e que ocorreu, curiosamente, nos seus primeiros jogos com Peseiro, em 2004/05. Mas resistiu aos destemperos vocais fora de campo e foi sempre muito abnegado no relvado. Não é muito, mas é alguma coisa. Temo que Moutinho não passe do exemplo profissional e que nunca deslumbre. Nunca esqueceremos o lampião que ele é e ele só tem é mais que esforçar-se pelo leão enquanto por cá estiver (e ele ainda se deve aguentar uns tempitos mais por cá, digo eu).
Pereirinha – bons cruzamentos e velocidade. É melhor lateral-direito que Abel, embora isto não possa ser motivo de grande regozijo. Todavia, parece ser melhor como suplente que entra aos 60 minutos do que como titular que joga os 90. Apenas razoável +, mas a subir de rendimento. Para mim, nunca foi o flop que muitos auguraram que seria, talvez pela cara de miúdo e o seu diminutivo nome.
Derlei – equacionamos sempre a probabilidade de Derlei ser expulso ou contrair uma lesão durante o jogo, mas lá que dá gosto ver o ninja a movimentar-se na frente, lá isso dá. Também gosta de fazer bons jogos contra a lampionagem e a massa associativa reconhece e valoriza essa característica. Por mim, mais um anito.


Por fim, Liedson. Liedson não está mesmo plano dos demais. Julgo que Liedson olha à sua volta e sente um desespero interior por possuir um talento largamente acima dos demais e concluir que não tem acompanhamento. Liedson é um bife do lombo ao qual não souberam adicionar um molho au champignon. Vá lá, de vez em quando há uma ou outra batatinha frita. Ele defende melhor que muitos, ele tem mais inteligência que a maioria, é prendado tecnicamente, ataca como mais ninguém e, pronto, marca golos e resolve jogos. Não é despiciendo. Há que admitir: Liedson está desfasado deste Sporting e de todo o Campeonato português no geral. Não há ninguém como ele por cá. Sempre em alto nível desde que chegou em 2003/04, coleccionando os invariáveis títulos de melhor marcador da equipa e facturando com grande prazer aos milhafres que o detestam, ele sim, é a peça verdadeiramente insubstituível neste momento. A sorte do Sporting é ele ir a caminho dos 32 anos e já não despertar grande apetite por essa Europa fora. Apesar de tudo, não parece perder qualidades com o passar do tempo. Deve acabar a carreira no Sporting e isso seria, como diria o velho Artur Jorge… muito bonito.

domingo, maio 10, 2009

Maria


É bom saber que há marcas nas quais podemos confiar. A “Maria” é uma delas. Não temos dúvidas das potencialidades desta revista quando folheamos uma: fotografias e mais fotografias de toda a gente e mais alguma, inevitáveis dramas de amor, receitas de paixão, aconselhamentos para qualquer perversão, guias astrológicos indispensáveis, tudo sobre telenovelas e, acima de tudo, frases especialmente tentadoras para a descontextualização.
Os rumores da “Maria” são pipocas que estalam por cada página folheada. Os títulos da “Maria” são onanismos coscuvilheiros plenos de cor e pontos de exclamação.
E tem sido assim desde que nos conhecemos. A “Maria” nunca esteve mais gorda ou mais magra. Ela sempre foi um adorável vácuo de coisas vãs. Uma amiga sempre presente que nos dá a mão. Uma líder de mercado.
O máximo que podemos fazer é mostrar-lhe o nosso profundo respeito. Sejamos felizes como a “Maria” nos ensina.

domingo, maio 03, 2009

Cid

Reunião da administração. Marcada para as 10:00. Às 10:30 começam a chegar os primeiros membros.
- Tenho o PDA avariado – queixa-se o administrador #12.
- Faz «LOAD “”», resulta sempre – aconselha o administrador #3.
- Não dá.
- Não dá o quê?
- Não sei onde ficam as aspas.
- Clica no zero até aparecer.
- Já está.
- Já deu?
- Não.
O administrador #3 olha para o visor.
- Escreveste mal “LOAD”.
- Como é que é?
- Acho que é L-O-U-D-E.
- Achas que sim?
- Hmmm… Talvez seja melhor perguntar ao Cid do meu departamento.
Chegam mais alguns administradores. Logo começam a falar de temas importantes para a empresa.
- Tu viste aquele resultado extraordinário?
- O Cid contou-me quando vinha para cá.
- Deveu-se a uma má opção estratégica.
- Sem dúvida.
- Para a próxima o gajo já não deve substituir o lateral-esquerdo pelo avançado. Deu barraca. Perdemos o jogo estupidamente por causa disso. Ninguém estava à espera.
- Pensar que uma vez deixei de escolher o meu novo todo-o-terreno oferecido pela empresa só para ver um jogo destes tipos…
Chega por fim o chefe máximo. São 11:55. Começa a reunião.
- Meus senhores, temos de apresentar a versão final do Relatório & Contas até amanhã. Há alterações de relevo? – questiona o chefe.
- Sim, sr. Presidente – avança o administrador #60 – aqui na página 3, não gosto do bold da 3ª linha. E acho que ficava melhor se o parágrafo estivesse alinhado à direita, para condizer com o gráfico.
- Isso é crucial, caramba! Temos de refazer o relatório todo!
- Quanto é que isso custa?
- Sei lá. Uns milhões. O accionista paga.
- Quem é o nosso accionista?
- Boa pergunta. Vê aí na página 16.
O administrador #48 inspecciona a página 16.
- Não está cá nada!
- Mau… Tu queres ver que perdemos os nossos accionistas de referência? Deixa-me perguntar ao Cid…
O administrador #9 faz uma chamada nervosa ao Cid.
- Ah, não. Está aqui na página 17. É o Estado.
- Ah, bom. Então está tudo bem. Cid? Sou eu. Deixa estar, não é nada. Volta lá a instalar o novo sistema operativo nos computadores da empresa. E retira as pastilhas debaixo do tampo da mesa quando acabares o relatório de execução orçamental, está bem?
- Está tudo bem o quê?
- Aquilo que estavas a perguntar.
- O que é que era?
- Tu é que sabes!
O chefe coloca ordem na discussão.
- Meus senhores, tenho uma reunião marcada às 13:00 e ainda tenho de almoçar. Vejam lá onde é que tenho de assinar.
- É a reunião sobre a distribuição de resultados?
- Não. “Reunião” é um eufemismo para uma orgia ultra-secreta de sexo e drogas que vou ter em Londres. Os resultados já os distribuí.
- Ah, sim? – interessa-se o administrador #23 – e como ficou?
- 40% para mim, 40% para vocês, 15% transitam para o próximo ano, 5% de dividendos e o resto para os outros colaboradores.
- Óptimo. Parece-me justo.
- Eh pá, a gente não devia dar tanto aos outros colaboradores – adverte o administrador #5.
- Então porquê?
- A produtividade dos tipos decai de dia para dia. Os tipos andam na Internet o dia todo a ver sites de futebol ou sites de viagens para ir nas férias.
- Impressionante – assinala o chefe – Os programas de motivação e formação profissional não deram em nada! Quanto é que gastámos nisso?
- Uns impressionantes 10 euros, sr. Presidente – elucida o administrador #55 – Sem contar com os post-its que oferecemos ao Cid.
- Terrível. Terrível!
O administrador #67 chega entretanto.
- Eh pá, nem queiram saber. Estava convencido que a reunião era no 4º andar e andei às voltas até encontrar a sala!
- Mas o edifício só tem dois andares e esta é a única sala de reuniões…
- Por isso mesmo é que andei perdido! E, ainda por cima, o elevador é extremamente lento!
- Devíamos comprar um elevador diferente – alvitra o administrador #31.
- Mas qual? – interroga-se o chefe – Não gostam da OTIS?
- Um Thyssen é que era.
- E um Efacec?
- Eh pá, isso ainda existe?
- Eu gostava de ter um elevador com espelhos. Para ajeitar a gravata, estão a ver?
- Não era mau pensado…
- É imprescindível que tenhamos um elevador só para a administração – impõe o administrador #11 – Não gosto de me encontrar com empregados malcheirosos. E aquele Cid é insuportável.
- Boa ideia, boa ideia – aprova o chefe – Não querem um cafezinho?
- Eu não posso, estou à rasca dos intestinos.
- Ó Cid, traga cafés para todos os membros da administração, menos para o Dr. Gonzaga… sim, sim… 84 cafés. E muito açúcar.
- Eu não posso comer açúcar.
- Cid, traga adoçante para o administrador #52…
- … eu sou o administrador #49, sr. Presidente.
- Eu não o Presidente, sou o administrador #72.
- O administrador #72? Eu pensava que ele tinha morrido!
- Não, esse era o #73. Eu sou o irmão dele.
- Ah, está bem.
- Cid, pensando melhor, cancele tudo. Traga antes umas sandes de leitão.
- Eu não como carne de porco – avisa o administrador #32 – Sou alérgico.
- Eu também não. Sou judeu – achega o administrador #49.
- Eh pá, estes gajos já chegaram aqui. Isto está bonito, está…
- Algum problema, pá?
- Não, nenhum… o sr. Presidente é que sabe.
Quando olharam para o lado, o chefe tinha desaparecido.
- Eh pá, agora é que isto ficou tudo tramado… O que é que fazemos?
- Esperamos até às 17:00. Se ele não disser nada, procedemos às alterações devidas e enviamos para a gráfica para estar pronto amanhã.
Chegam as sandes de leitão. Os administradores #32 e #49 ausentam-se e só voltam passadas umas quantas horas, acompanhados pelas respectivas famílias.
- Está bem. E quem é que vai fazer esse trabalho de revisão?
- Não olhes para mim. Tenho de sair às 15:00 para ir cortar o meu relvado.
- Faz o tipo da tua equipa.
- Quem? O Cid?
- Pois, o Cid.
- Porque é que não faz a tua equipa?
- Eh pá, não seja por isso…
- Quem é a tua equipa?
- É o Cid.
- Também? Quer dizer que nós dois comandamos o Cid?
- Pelos vistos…
- O Cid também é meu subordinado! – alerta o administrador #14.
- E o meu também! – ajunta o administrador #59.
- O Cid trabalha para mim desde que eu o trouxe para a empresa, tinha ele 14 anos! – relembra o administrador #36.
- Pá, mas quem é que fez o relatório?
- Foi o Baptista.
- Foi nada! O Baptista despediu-se em Janeiro!
- Ah, então foi o Cid.
- Boa, então o Cid é que deve fazer as alterações todas ao relatório!
- Sem dúvida.
- Querem chamá-lo até aqui e explicar-lhe tudo?
- Deixa estar, o gajo é esperto. Ele vai perceber quando colocarmos o relatório em cima secretária dele outra vez.
- Está bem.
- Esta reunião está a correr muito bem, não está?
- Optimamente. Está muito fresquinho. O Cid fez bem em ligar o ar-condicionado.
- Onde é que está o Cid?
- Está a trabalhar no plano de negócios e a imprimir os contratos de prestação de serviços para o administrador #21 dar uma vista de olhos.
- O quê? Só isso?
- Esse gajo é um folgado do caraças! O Baptista é que era!
- O Baptista tinha futuro… O gajo é que me indicou onde devia comprar o meu BMW.
- A sério?
- A sério. Agora o Cid… nunca vi sandes de leitão tão mal feitas!
- Devíamos cortar-lhe o bónus este ano…
- Bem pensado! – aprova o administrador #74 – Este ano já não lhe damos mais esferográficas da empresa!
- Por mim tudo bem.
(SILÊNCIO)
- Bem, então…
- Pois…
- Se calhar terminávamos a reunião, não?
- Já? – agasta-se o administrador #28, olhando para o relógio depois de ter acordado sobressaltado – Tão cedo? Eh pá, ainda tínhamos tanta coisa para discutir…
- Eh pá, já fizemos muito por hoje… - analisa o administrador #53 – Não me lembro de ter discutido tanto assunto importante em apenas 9 horas como hoje!...
- De facto… Bem… Então…
- Vamos lá entregar o relatório para o Cid refazer?
- Eh pá, o gajo que venha até cá. Estou demasiado cansado depois de ter estado sentado um dia inteiro a comer sandes de leitão.
O administrador #65 chama o Cid, após três números incorrectamente marcados.
- Sim… Cid, venha cá imediatamente buscar o relatório… tem de reescrever as 300 páginas para amanhã estar tudo pronto às 7:00 da manhã… quero lá saber que tenha de tratar dos fornecedores, isto agora é a sua prioridade… e fica cá durante a noite, se for preciso, que eu arranjo-lhe uma lanterna… pois é, Cid, seja mais eficiente da próxima vez. Então veja lá isso, que o sr. Presidente não admite falhas.
Pousado o telemóvel o administrador #65 desabafa:
- Estou farto deste Cid.
- É… o gajo demonstra pouco comprometimento…
- Olha!... O meu PDA está a piscar! – estranha o administrador #12
- Viste? Eu disse-te que ia resultar… - observa o administrador #3.
- Está giro, está… Bom, a que horas é a reunião de amanhã?
- Amanhã… não há reunião, acho eu… mas podemos perguntar ao Cid.
- Que maçada! Logo agora que tinha uma gravata nova para estrear e tudo! O que é que vamos fazer, então?
- Queres ir jogar golfe?
- Não sei… eu e os tacos…
- Então… sei lá… podemos dizer ao Cid para nos fazer umas massagens, por exemplo.
- Grande ideia! Estou cá com uma dor no fundo das costas… e sempre o Cid faz algo de útil pela nossa saúde.
- É. Temos de meter esta gente a mexer-se por nós. Para que é que eles são pagos, afinal?

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Enquanto Isso


Enquanto andavas pelo Hi5 eu matava metade do mundo com um espirro infectado. Enquanto deixavas mensagens abreviadas no Messenger eu comprava o T3 dos teus sonhos. Enquanto ias à praia alguém despachava o cancro da tua pele para a capa do 24 Horas. Enquanto fazias amigos no LinkedIn eu falia a tua empresa com uma apresentação Powerpoint feita aos tubarões. Enquanto filmavas o concerto do Ben Harper com o teu irritante telemóvel ele entrava em overdose e inspirava uma nova canção para o Lenny Kravitz. Enquanto davas voltas ao mundo eu dava voltas na cama a tentar parar de sonhar. Enquanto vias beleza num cão abandonado eu só via sarna e decepção. Enquanto fazias os possíveis para te integrar eu desintegrava-me directamente para o olho do buraco negro. Enquanto estavas na berra eu berrava as maiores atrocidades para dentro de uma lata enferrujada. Enquanto pagavas a um massagista para libertares a tensão eu massajava o meu ego com choques de 220 volts. Enquanto abanavas a cabeça por veres tanto potencial desperdiçado eu soltava vivas ao teu desapontamento de circunstância. Não sei se gostava de saber fingir tão bem como tu. Não sei até que ponto a verdade nua das coisas pode ser valorizada. Não sei até que ponto pode a despersonalização progressiva tornar-nos pessoas mais agradáveis. Não sei se tu sabes que as metáforas podem ser mais literais do que pensas. E que o que parece explícito não é nada disso. Enquanto pensavas que algo superior poderia sair daqui eu colocava um ponto final nas tuas expectativas.

sexta-feira, maio 01, 2009

Já Nas Bancas!

Não perca! Temos IMAGENS EXCLUSIVAS (extremamente mal montadas, mas ainda assim exclusivas) só para si!
São 4-casamentos-4, sem nenhum funeral (até ver)! Paulo Paraty e Leonor Pinhão assumem finalmente o seu romance que encheu páginas e páginas e páginas de papel higiénico! Paulo, depois de tantos anos a equipar de negro, cumpre o seu sonho de ir, finalmente, de branco! E Leonor fica felicíssima por poder finalmente urinar de pé sem complexos!
Mas não é tudo! Temos mais 3-casamentos-3 (isto é que é escrever!) só para si! Primeiro, um casal anónimo de perfil, que, apesar de tudo, promete fazer cair-lhe uma lagrimazinha! Depois, o casal sensação Filipa de Castro, a mamalhuda silicónica mais cobiçada pela Playboy portuguesa, e o velho mas espevitado Jerónimo de Sousa, que não deixou a luta por mãos alheias! Há a promessa firme de Jerónimo entregar Filipa ao povo, para gáudio da massa de desempregados! E por fim, João Malheiro faz rir o seu parceiro indicado pelo Cláudio Ramos com o seu timbre de voz inconfundível! É só rir com directores e ex-directores de informação do Benfica!
Ainda nesta super edição: Tony Carreira enche os bolsos com uma canção de homenagem à Gripe A, que ele prefere designar por “gripe suína”, por uma questão de “musicalidade”! E tudo isto sem máscara! Para quê? Ele nem precisa de abrir a boca!
E Eduardo Barroso descobre que Maya é a assassina! Ó Eduardo, isso estava na cara! E nas mamas de plástico também! Nem pareces cirurgião!
Finalmente, temos Guterres numa sessão fotográfica na Fonte da Telha a exibir o seu voluptuoso corpinho! Isso de ser Alto Comissário da ONU é melhor que várias sessões no ginásio, ó António! Não te metas a pau que tens logo a Rita Pereira à perna!
Compre JÁ!
Mas mesmo já, antes que você se decida pela VIP ou pela LUX! Já, car***o!