quarta-feira, outubro 01, 2008

Mata Os Teus Ídolos

Há uma obsessão que caracteriza o homem moderno e intelectual: o gosto pela Scarlett Johansson.
Quando este homem se quer referir ao protótipo de mulher fatal, fala na Scarlett. Quando quer exemplificar uma grande actriz, ilustra o seu pensamento com a Scarlett. Quando quer idealizar o modelo perfeito de beleza feminina, pensa na Scarlett. O sinónimo de sex-appeal nos seus dicionários vem adstrito a uma foto de grande decote da Scarlett. Todas as imaculadas sessões fotográficas em que ela participa têm apenas o propósito de Scarlett inundar com a sua aura de deusa todo o enquadramento que, sem ela, seria apenas um fundo cinzento. Ela simplesmente despedaça os corações destes pobres homens, prostrados e babados a seus pés.
E gera-se toda uma unanimidade que ninguém ousa colocar em causa. A Scarlett é a maior, é a mais bonita, tem as maiores mamas naturais de Hollywood (pronto, talvez sejam as únicas), é a maior actriz do século, do milénio, se eu visse a Scarlett a 100 metros de mim eu desmaiava e etc. e tal. Parece que não havia mulheres antes de Scarlett e que não vai haver depois de Scarlett, tal a euforia de mais esta moda. A febre engloba gajos de esquerda, de direita, do Sporting e do Benfica, todos eles extremamente esclarecidos e que nos dizem: “Rapaz, se não gostas da Scarlett, é porque tens algum problema”, tal é a abrangência consensual da divinal Scarlett.
O problema está todo neles. Desculpem-me os Scarlettófilos, mas se aquela é a mulher mais bonita do mundo é porque vocês não estão perto de uma bela mulher de carne e osso há bastante tempo. Com toda a dose de subjectividade, a Scarlett não é a mulher mais bonita do cinema. Nem sequer é a melhor actriz. É, quiçá, acima da média, mas não dá para compreender as parangonas atribuídas por estes tipos em deslumbramento colectivo. Por exemplo, eu vejo todos os dias mulheres bem bonitas nos transportes públicos. Talvez mais bonitas e sensuais que a Scarlett. Ah!, mas claro, estes tipos nem sequer saem de casa, estão fartos de aturar os miúdos e a sua mulher agora transformada num saco de batatas e, portanto, têm de se contentar com as referências que vêem na Internet sobre beleza feminina. Eu percebo. Mas isso não serve de desculpa.
É que há mesmo muita mulher bonita aí pelas ruas. E muitas feias, claro. Nem todas têm um metro e oitenta, nem todas merecem sessões glamourosas de fotografia a preto-e-branco, nem todas têm a possibilidade de entrar em filmes, mas o potencial até existe. Estou convicto que esse potencial está lá todo e isso até beneficia a minha auto-estima, dado que eu acredito que consigo arranjar algo melhor que a Scarlett e não preciso de ficar à espera dela para me sentir realizado. Se é que um homem alguma vez se sente plenamente realizado em termos sexuais, mas isso é outra questão.
Eu gostava de ter um affair com a Scarlett, não nego. Ela tem, de facto, um par de mamas que me ofuscam a vista. Mas eu também gostava de ter tido uma relação ocasional com muitas mais mulheres. Não preciso de um produto cinematográfico para construir as minhas fantasias. Convençam-se que a Scarlett tem pêlos nos sovacos. Apenas os rapa. Convençam-se que a Scarlett tem cáries nos dentes. Apenas as disfarça. Convençam-se que a Scarlett também dá puns. Apenas não os gravam em filme. Convençam-se que a Scarlett tem buço. Apenas recorre ao Photoshop. Enfim, convençam-se que a Scarlett é mais uma dentro dos milhões de mulheres por todo o mundo que nos podem parecer interessantes. Ainda vão a tempo de acordar desse sonho cor-de-rosa.

Também acho que o Jerry Seinfeld é o pior comediante internacionalmente reconhecido como sendo genial. O tipo é execrável como comediante. A fixação por ténis brancos, aquele ar americanóide de cabeçudo insonso e as piadas sequíssimas, estrategicamente decoradas com gargalhadas pré-fabricadas, destinadas a entreter trintões suburbanos que estão a aquecer o 4 Salti para a refeição, constitui a face mais deprimente do humor. Aquilo não é intelectual, nem é brejeiro. Não é nada, senão uma moda de pseudo-parvoíce que pegou. O Jerry Seinfeld não tem graça nenhuma. O Constanza tem muito mais – talvez seja o único naquele triste programa em que os interlúdios de slap bass são repetidos irritantemente até à exaustão. Mas não me apetece alongar-me muito a dissertar directamente sobre um tipo que, manifestamente, não gosto. Isso não tem piada.

1 comentário:

Anónimo disse...

desacreditando as colaborações de todos os restantes elementos da banda, excepto a do excelente baterista Chamberlin. Os outros, basicamente, apenas apareceram no “inlay” do álbum. O japonês James Iha ficou deveras satisfeito por Corgan lhe ter presenteado com a co-autoria de três faixas, em jeito de agradecimento por ele não fazer muitas ondas relativamente ao seu papel mais que secundário.
Corgan estava decidido a que este álbum lhe abrisse as portas do sucesso, depois de ter sido aceite sem grande alarido dentro do segmento “alternativo” após o álbum anterior, “Gish”, de 1991. “Gish” tinha sido um sucesso mediano, agradável “ma non troppo” para as ambições de Corgan, decidido a ser uma “rock-star”. Curiosamente, tanto em “Gish” como em “Siamese Dream” utilizou o mesmo produtor, Butch Vig, que por sua vez tinha estado no álbum que definiu o som da década: esse mesmo, “Nevermind”, dos Nirvana.
O que aqui se ouviu foi, discutivelmente, a “banda” no seu auge: ainda sem atingir o pretensiosismo épico-gótico do subsequente “Mellon Collie and The Infinite Sadness” (veja-se só o nome), que lhes escancarou o caminho para o mega-estrelato; já




rapto correu bem, o automóvel foi interceptado numa esquina escura da cidade, às tantas