quinta-feira, novembro 11, 2010

Água Na Minha Boca

Foi um tema tabu durante vários anos, mas decidi quebrar este silêncio para ecoar pelo mundo (ahahahahah!, tanta ingenuidade…) esta copiosa realidade: Umberto Smaila, o italiano que apresentou “Colpo Grosso”, e Júlio Costa, mais conhecido como o bigodes do sacrossanto Trio Odemira, são uma e a mesma pessoa.
Pois é: “a igreja estava toda iluminada”, mas as mamas das “ragazze cin-cin” também, especialmente quando se colavam estrelas douradas e purpurinas nos mamilos. Francamente, ó Júlio: de romântico não tens nada, queres é ver gajas nuas. Não te censuro. E se cantas bem, e se falas tão bem italiano, não deves ter dificuldade em engatá-las, meu maroto. Por outro lado, o que Smaila, italiano de Verona, veio fazer para Odemira ultrapassa-me completamente. Ao menos que fosse para Vila Nova de Milfontes, que ainda tem uma praia e tal. Mas se calhar já nessa altura não se conseguia arranjar quarto. Deve ter sido na altura em que o pessoal determinou que o litoral alentejano é que é fixe e exclusivamente para pessoal fixe.
Enfim, falar de Smaila é falar do “Colpo Grosso” e falar do “Colpo Grosso” é falar do primeiro (e único?, considerando que o que vemos no Big Brother é uma transposição desinspirada de alguns programas do National Geographic) concurso explicitamente erótico da televisão nacional. Era 1992, a SIC dava os primeiros e ousados passos, com a Júlia Pinheiro a apresentar tudo quanto era programa e a manter um aspecto bastante razoável para a época, antes de descambar na lontra histérica que aparece de robe em outdoors. “Água na Boca” foi a tradução portuguesa. Recordamos com muito carinho o “Água na Boca”, assim como recordamos com ternura o nosso primeiro beijo; na verdade, o “Água na Boca” deve ter propiciado a primeira punheta a muito boa gente. E ficávamos até tarde durante os Sábados só para vermos aquela banhada que, por feliz acaso, também continha gajas a striparem-se. Concorrentes incluídas. E havia lá concorrentes a que só faltava ter um rótulo na testa a dizer “eu quero uma profissão na moda e sou bem vaquinha como podem ver”, entre outras perfeitamente aberrantes e simples vacas sem outros grandes objectivos que não proclamar a sua vaquice perante as câmaras. De outro modo, e a menos que fossem lésbicas, que sentido faria concorrerem mulheres a um concurso cujo principal objectivo… era despir todas as outras mulheres? Isto, claro, descontando que haveria divertimento extra no backstage, para além de um razoável prémio monetário.
Do que me lembro, havia uns jogos de cartas (o “caldo” e “fredo”, um “sobe-e-desce” em que as cartas possuíam meninas mais ou menos despidas e o concorrente adivinhava se na próxima carta ela estaria mais ou menos despida), uma espécie de slot-machine e escolher um fruto. Não era um fruto qualquer, mas uma menina que personificava esse fruto e que abria o soutien para revelar uma estrela, que valia pontos, ou uma fruta, que não valia nada. Estas “frutas”, coisa que deve ter inspirado Pinto da Costa, também ele um punheteiro afamado, nas suas conversas escutadas, eram as “ragazze cin-cin”. Eram, que me lembro, 8 frutas: morango (uma das mais escolhidas), ananás, kiwi, cereja, limão, uva, laranja (ou tangerina?) e mirtilo, que era uma novidade para mim, mas que também era a forma de meter lá um bikini azul – dado que os bikinis eram da cor da fruta. Na prática, o papel das ragazze cin-cin era o de participarem neste jogo e de dançarem e sorrirem incessantemente durante o resto do programa. Especialmente durante a altura dos strips propriamente ditos.
Ora bem, o core-business do “Água na Boca” era precisamente os strips. Que podiam ir do simples tirar de camisa e saia até ao nu quase integral – sobrava sempre uma tanguinha no mínimo –, dependendo da pontuação dos concorrentes nos vários jogos. E quem fizesse jackpot tinha direito a uma tipa que se despia mesmo toda, depois de dançar pelo set inteiro, levando à loucura a banda residente. E o pessoal ficava abismado com uma pintelheira vaginal, gravava em VHS e mostrava aos amigos, em autênticas tertúlias praticadas em punhetódromos improvisados. Havia umas 8 strippers que estavam sentadas nuns banquinhos representativos do seu país/ região europeia até serem escolhidas. Mas aquilo dos países era balela, porque numa semana a mesma tipa tanto era grega como francesa. Acho que era um truque para ninguém escolher sempre o mesmo país porque gostava da gaja. O grupo de strippers só costumava mudar quando havia jackpot.
Era a candura da adolescência a despontar e Umberto, o grande e bigodudo Umberto Smaila, estava lá, preenchendo o nosso imaginário. Ou o tipo do Trio Odemira, quem sabe. Depois viria a pornografia a sério e toda a água do “Água da Boca” secou, sem muita graça. Depois de ter visto Smaila, Ron Jeremy já não me escandalizava. E depois de Ron Jeremy já nada me escandalizou – pronto, eventualmente a Júlia Pinheiro a cantar. O softcore deixou de ser suficiente. Não era possível aguentar todo um programa, de quase uma hora, para ver umas mamas, quando na cassete ao lado havia fornicadelas de cinco em cinco minutos. Mas, concedo, algumas gajas do “Água na Boca” eram mesmo boas. Algumas das ragazzas celebrizaram-se inclusivamente como artistas porno (a Zara Whites era a cereja, lembro-me bem, sua safada) e foi giro vê-las sem as restrições próprias do “Água na Boca”, a abocanharem pénis erectos com o souplesse que as caracterizava.
Porém, havia uma mamalhuda que nunca me saiu da mente, passados estes anos todos. Era uma co-apresentadora e as co-apresentadoras, para mal de nós, nunca se despiam, embora fossem dos cromos mais apetecíveis. E não era a Tiziana, que veio numa fase posterior, e que tinha muita gordura naqueles seios. Tiziana era mesmo uma italiana, tinha cara de vaca e nenhum jeito para o negócio da apresentação – que, creio, nunca quis seguir com muito rigor. Cheguei a vê-la num programa contemporâneo despida a sério (não se via a pintelheira, porém) e corroborei que tinha, efectivamente, um enorme par. Eu estou a referir-me é à sumptuosa galesa Amy Charles. My god, how she was hot! Era elegante, bonita, grande sorriso e um soberbo, majestoso par de mamas que me deixava a sonhar acordado. Fazíamos concursos para enumerar uma lista das maiores mamalhudas que conhecíamos e era consensual que, muito à frente da Cicciolina, afastada da Marisa do 7ºB que já tinha chumbado um ano e que por isso tinha um ano de desenvoltura extra e um pouco acima da mãe do Quim, lá cima no Olimpo das Mamas, estava a bela Amy. E foi assim durante uns tempos, principalmente até surgir o advento do silicone massificado. Mas, atenção: Amy era 100% natural e isso vale muito. A minha grande frustração em relação à Amy foi ter ficado sempre à espera que ela se despisse… e nada, ela apenas metia aqueles airbags peitorais tapados por um soutien amarelo (era sempre amarelo!) à frente das câmaras, como que a desafiar-nos para ficarmos loucos.
Felizmente, ela também foi uma stripper numa versão não vista por cá, mas justamente recordada pelos seus fãs na internet. Obviamente, deram-lhe um nome artístico (e que imaginação tinham os tipos: era a Opulenta, a Besame Mucho, a Maria La O,…). E foi anos depois que pude analisar com o detalhe necessário e adequado o corpo magnificente desta minha musa prematura. Amy, Amy… dizem que cantavas, mas eu cá acho que encantavas. Pelo que sei, nunca fez porno e hoje vive no País de Gales, já quarentona. Devia ser monumento nacional, à frente dos Manic Street Preachers e do Ryan Giggs.

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