sexta-feira, dezembro 31, 2010

Em Vias de Extinção

Só porque sim. Por ter de voltar outra vez. Por não querer afirmar que este era o fim. As tenebrosas sombras da adolescência, os desvarios de encontros ao primeiro toque. Eles estão de volta. Espécie condenada. Explosões mudas. Adoro o teu silêncio, a tua escuta receptiva, a empatia dos teus olhos. Parece tudo tão evidente. Temo que tenha de voltar. Aéreo e despenteado. E dantes era tudo tão bom. Éramos tão remediados. E depois demos nisto. Roupas demasiado largas para o tamanho da alma. Poses de enfado meticulosamente planeadas. Foi este o nosso jogo. Todos quisemos pagar para ver. Sonhar agarrar o fogo que nos aquece por dentro e manter acesa essa chama imaginária durante todos os invernos da nossa existência. A eloquência esmaga-te. Fiz-te sem querer. Mas é bom sentir o teu conforto. Nem que seja por não haver mais nada. Acho que já nada resta, estamos a andar em círculos. Como foi possível deixar perder tanto tempo, só nós não sabemos. Corramos contra o tempo antes que o tempo nos devore à sua passagem.

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