sábado, fevereiro 09, 2008

Humano Transgénico num Cocktail Beneficiente

Eu estava com um excelente aspecto. Perguntaram-me se não tinha feito uma plástica.
É óbvio que me ri.
E depois caiu-me um dente.
"É preciso ter lata!...", gracejei.
Especialmente nas articulações. A partir dos vinte e dois anos já custa mexer os ossos. É a lei da vida. Mas a lei é omissa quanto a uns ajustamentos aqui e ali.
O certo é que não devia ter snifado tanto pó de cloro que julgava ser cocaína. Devia ter ficado pelo leitinho morno da vaca.
Da vaca da minha mãe.
Hoje estaria um brinco, com todo aquele cálcio enriquecido pelo fumo do tabaco do bordel. Na verdade, se não fossem os brincos servirem de ímanes, as minhas orelhas já teriam caído e com elas o meu cabelo.
Ah, o cabelo. De todos os tapetes persas que vi, não gostei de nenhum. Nem de tapetes, nem de tigres a roçar a extinção. Perguntei então ao coveiro que me enchia o copo de bom gin: “Então e essa velha sueca, ainda precisa do seu escalpe?”, “De todo, ela já é um cadáver”, “Então embrulhe-a aí junto dos meus écharpes e passe por casa mais logo”.
Provavelmente acabei por fazer amor com o coveiro. Ou com a defunta. Estava muito calor e eu já acelerava em elevada progressão etílica. E ambos deviam cheirar muito mal, embora só um estivesse perfeitamente decomposto. Mas o frémito do meu amor é forte e é cada vez mais difícil detectar as diferenças neste mundo louco.
Eu distribuo amor a toda a hora, sou eu e o Lenny Kravitz, mas enquanto ele ainda arranha as guitas, a mim são as guitas que me mantêm de pé. E de vez em quando lá desafino.
E é por isso que precisava de ter mais lata do que essa gente inconveniente, para lhes responder à maneira.
Voltei-me a rir, sem querer, mas achei hilariante aquele penetra ter sido espancado. E perdi definitivamente a vista. Deve ter caído no teu batido de morango, o que é uma sorte. Se fosse um batido de banana a ramela poderia reagir e provocar-te azia.

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