quarta-feira, fevereiro 11, 2009

A Semana de Oito Dias

Há coisas que nem pretendo discutir.
Como esta, que é clássica: porque é que as pessoas tendem a dizer “de hoje a 8 dias”, quando na verdade estão a referir-se a um prazo de 7 dias, ou uma semana?
Imaginemos que estamos num Domingo. Viro-me para um tipo e digo “de hoje a 8 dias vou-te às trombas”, querendo dizer que no próximo Domingo irei sovar sem piedade o meu interlocutor.
Façamos umas pequenas contas: “de hoje” significa que o momento zero de contagem é agora. Por hipótese, é meio-dia. Portanto, saibamos contar: terá passado um dia quando chegarmos ao meio-dia de Segunda-Feira; dois dias quando chegarmos ao meio-dia de Terça-Feira; três dias quando chegarmos ao meio-dia de Quarta-Feira… e assim sucessivamente, até terem passado exactamente sete dias quando chegarmos ao meio-dia do fatídico Domingo em que irei aplicar a valente sarrafada que prometera na pretérita semana.
Aliás, é muito fácil de ver: a semana tem sete dias, não oito. E as contas fazem-se sempre a partir de hoje, que é o momento zero. Mas ainda assim contei pelos dedos.
Será que as pessoas contam como um dia o tempo que já passou nesse dia concreto, fazendo o absurdo de tornar o dia seguinte como o segundo dia a seguir ao tempo em que a frase foi proferida? Será que o povo sabe contar? E por que não dizem simplesmente “na próxima semana”?
Não sei. Como já disse, o hábito está tão arreigado que nem me atrevo a discuti-lo. Também nunca me explicaram convincentemente a lógica inusitada desta expressão. Sendo assim, é óbvio que nunca me ouvirão a proferi-la.
Outra discussão que não pretendo ter é sobre o pleonasmo “pára quieto!”, que amiúde ouvimos por aí, geralmente entre mãe e filho menor.
Não pretendo mesmo.

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