terça-feira, abril 29, 2008

As Mulheres de Portugal

As mulheres do Minho são roliças e de faces vermelhas. Debaixo das saias escondem cantis com vinho, preferencialmente verde, com que ocultam os frondosos pêlos das pernas entretanto desbastados a golpes de rebarbadora. Têm orgulho do seu buço que faz inveja ao clone mais perfeito do Frank Zappa. Falam que nem altifalantes e são altamente fecundas, parem cinco vezes por ano se for preciso, só para os filhos as ajudarem na vindima. Nos tempos livres, guincham em ranchos folclóricos e peregrinam aos mais recônditos santuários católicos, naquilo que julgam ser uma inevitabilidade inter-geracional, ganhando com isso calosidades e joanetes nos pés.
Em Trás-os-Montes residem mulheres com o formato de alheira. Esquisitas e de aparência disforme, quase marciana, sofrem de epilepsia e de outras maleitas do foro neurológico e mental. São incrivelmente más a matemática, mas crêem que não. Dominam, contudo, formas de expressão esquisitas, entre as quais se encontra o swahili e o boshimane que ouvimos no filme “Os Deuses Devem Estar Loucos”. Aliás, foi oferecido a uma transmontana o papel de garrafa de Coca-Cola nesse filme, mas ela recusou alegando incompatibilidades religiosas e vertigens. Apenas 10% sabe o que é um transporte público. Têm medo da luz. Julgam que Lisboa é mais longe que o Brasil. Decididamente, são as mulheres mais misteriosas de Portugal.
No Douro Litoral encontram-se mulheres alcoólicas e javardas. A mulher desta região diz três palavrões por cada duas palavras e invectiva o padre com o mesmo à-vontade com que cospe no autarca em busca de votos no mercado do Bolhão. Lambuzam-se em comida e fazem amor que nem hienas com o cio. Têm paranóias com o Sul e ainda não conheceram ninguém mais charmoso que o Raul Meireles. Coleccionam posters do Tony Carreira. Todas, sem excepção, têm um parente em França e outro na prisão. Adoram facadas extra-conjugais, considerando que os maridos lhes fazem o mesmo. Não dão o braço a torcer, preferindo torcer os braços dos outros. Têm por hábito cear numa retrete aos Sábados e puxar os cabelos umas às outras nas matinés de Domingo.
Já a mulher das Beiras é a introspecção em pessoa. É a violência surda com aspecto pueril, verdadeiro Ole Gunnar Solskjaer (que era o “baby face killer”) para os mais incautos. Prefere os actos às palavras. Nunca se alonga demasiado em conversas, proferindo monossílabos pela garganta, qual ventríloqua. As mulheres desta zona suicidam-se amiúde antes dos quarenta, penduradas na figueira do quintal ou a golpes de sacho, quando se apercebem que não têm futuro para além de semear batatas. Têm filhos deficientes que ocultam a todo o custo da sociedade. Apenas fazem sexo com fins reprodutivos e decepam a sangue frio quem lhes tente engatar. Fazem os possíveis para disfarçar as suas formas femininas debaixo de xailes, mantas e lenços, mesmo se estiverem quarenta graus. Não admitem que gozem com o seu sotaque. Têm vários animais de estimação que desprezam e maltratam. Más como as cobras quando provocadas, não conhecem limites para a vingança. Hitler era filho de uma beirã. Estaline também. Salazar não.
A mulher amante da Natureza e do ar livre vem do Ribatejo. Gosta de andar com as mamas à solta e não faz a depilação nas virilhas. Ama desesperadamente tudo o que se assemelhe com um campino. Também ama o touro, se for preciso. Ingénua e descomprometida, já comprou dezenas de vezes a Torre Eiffel, entre outras burlas das quais é frequente vítima. Gosta de contemplar a paisagem enquanto lhe penetram por trás. Tem mau gosto, mas julga que isso é perfeitamente normal. Não sabe se há-de ser contra ou a favor das lisboetas porque não tem poder de decisão. Mole e infantil, ainda pensa que um unicórnio alado virá para salvar a sua vida. Nas cheias do Inverno, é sempre a primeira a mandar-se à água e a afogar-se. Tem orgasmos espontâneos quando ouve o cavalo a relinchar. Acredita no Pai Natal, no Benfica e nos políticos. As mulheres do Bloco de Esquerda são todas ribatejanas, com excepção da Joana Amaral Dias, que não é do Bloco de Esquerda. Fazem boa companhia, se não formos muito exigentes a nível intelectual.
A espampanância feminina portuguesa provém da Estremadura. Irritantes e arrogantes, as estremenhas julgam-se o centro do seu doentio universo. São as mulheres intrinsecamente mais detestáveis de todo o país, mas têm a sorte dos maridos lhes pagarem tratamentos de beleza que nunca fizeram por merecer. Acham que sabem tudo sobre sexo, mas nunca aprenderam a fazer sexo oral sem arranhar com os dentes. São alvo do ódio merecido das outras mulheres todas e têm QIs francamente limitados, que compensam com jactância e retórica em excesso. Sonham todas em emigrar para um paraíso da moda mundial, mas dão por si a comprar nos saldos dos outlets. Pensam claramente ser mais do que aquilo que verdadeiramente são e têm um sentido de humor semelhante ao de uma ratazana com cancro terminal. Enganam muita gente com as suas perucas compradas em bazares chineses. As mais audazes já vão no seu quarto implante de silicone, tentando assim colmatar o castigo que Deus, com toda a justiça, lhes impôs por toda a sua futilidade que chega a assumir contornos patológicos. São ateias, não por convicção, mas porque andavam a pintar-se com batôn em vez de irem à catequese.
Já no Alentejo as mulheres primam pela calma e lassidão. Não apreciam esforço físico que não o dos maxilares. São adeptas indefectíveis da posição de missionário, recusando qualquer outra forma de contacto sexual. Porém, colaboram em orgias numerosas, se lhes prometermos uma amizade para a vida. Têm medo da solidão e não é raro vê-las a bater com a cabeça nos sobreiros. Cheiram a queijo de cabra, compensando esse senão com seios extremamente volumosos que lhes advêm da carne de porco preto que comem quatro vezes por dia. Também cheiram mal dos pés. Não possuem maldade no coração, apenas conformação. Matam-se se lhes dissermos que têm uma linha descosida no casaco. Não suportam o frio mas também estão fartas do calor e, nesta indecisão, resignam-se e ficam a pensar durante horas. Não chateiam muito, a não ser quando vêem cordeirinhos a balir ao longe. Aí bem que podemos fugir, que elas não vão descansar enquanto não tosquiarem o animal. As alentejanas podem dar um suporte para livros fantástico.
No Algarve as mulheres envelhecem rápido. Com 15 anos, a algarvia já está pronta para entrar num lar de terceira idade. Falam rápido, de forma a que ninguém lhes perceba, disfarçando assim a sua tímida, mas presente, paralisia cerebral. Nunca dizem que não a um desafio. Cortejam estrangeiros nas praias, sonhando fugir para um destino menos lúgubre que Albufeira. Têm a mania que percebem de praia, mas nunca aprenderam a nadar. 5 em cada 6 afogamentos femininos em Portugal dão-se com algarvias. Menstruam-se pela primeira vez em salas de aula, confirmando o mito que todos pensávamos acontecer apenas em ficção. Intrujam os mais desatentos com um belo bronzeado que afinal não é mais que sujidade incrustada, daquela que não sai nem com glutões do Presto. Fazem amor com qualquer tipo com mais de metro e meio, desde que ele esteja disposto ao sofrimento. Têm apetites sádicos e gostam de feiras e mercados. Combinam caldeiradas e gaspachos apenas para gritarem umas com as outras sobre quem se esqueceu de pôr sal na comida.
Bem, só faltam as ilhas. É rápido. Nunca ninguém conseguiu decifrar uma nativa dos Açores, pelo que não há muito a dizer – todavia, ao que consta, também possuem uma vagina como qualquer outra mulher normal, pelo que valerá a pena a sua descoberta. Já as madeirenses são o deboche completo, dão de mamar aos filhos em jantares de gala e arrotam bolos de mel e bananas sem qualquer pudor em recepções de Estado. Depois pintam-se e andam de saltos altos em casa. São a excentricidade em pessoa e, com quase toda a certeza, 75% delas já teve sexo com o irmão, com o tio, com o pai ou com o turista alemão que lhe pagou uma corrida de sofá no Funchal.

Esta compilação sociológica é da responsabilidade do Dr. Urbano Saganowski Rodrigues e extraído da sua obra “Os Malmequeres – Uma Dissertação Físico-Química”, das Edições Ultraje, de Santo Tirso, ano 2008, pp. 45-48 (Direitos de autor bué reservados. A sério. Reservadíssimos. Depois não acreditem no que vos digo).

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