terça-feira, março 20, 2007

Contra a Desmamificação Global

Bons atributos valem muito. Eu refiro-me à mulher de verde do genérico de abertura do “Diz Que É Uma Espécie de Magazine” quando penso em atributos valiosos.
Eu sei que já houve gente que reparou nela, já vi comentários na blogosfera sobre ela. Bom, e quem é ela, nome, idade, profissão? Não faço a mínima ideia; quem sabe de quem estou a falar também não, provavelmente. Apenas posso confirmar que não lhe foi dado o devido destaque nesse genérico – ela fica lá por trás, escondida atrás de outras beldades sixties, descaída para o lado direito do ecrã, abandonada à sua sorte. E digamos que, entre todas as indumentárias que havia por escolher, a ela calhou o trapo mais encolhido que podia. Só pode ter sido má sorte… ou talvez nem tanto.
Pois bem, e sem meias palavras: a menina tem um peito de tal modo saliente que ofusca tudo em redor. Como dois faróis máximos, encandeia o mais incauto voyeur sem piedade. O problema nem deve ser do vestido, vistas bem as coisas: dentro do modelo, até devia ser o maior vestido disponível. Mas ela é maior. Dois volumosos nacos naturalmente inchados (eu acredito que sim) balançam livremente sem soutien ao som do genérico, titubeantes mas nunca derrotados, preenchendo o imaginário masculino sedento de seios valentes e pujantes e testando perigosamente os limites de resistência do tecido verde do vestido dela. As outras bailarinas, sim senhor, bons movimentos, muita desinibição… mas meros refugos quando comparadas com a sinceridade oscilante das mamas (sim, mamas!; calemos os eufemismos!!) da menina de verde vestida, ostracizada no genérico, não fossem os mais puristas arranjar motivos de censura por esta exposição softcore e as restantes bailarinas a roerem-se de inveja, deixadas à indiferença geral.
O verde parece ser um lugar comum nessa menina, loura e prendada, mas da qual não consegui reter muitos mais traços: é fraqueza de espírito, eu sei; mas quem repara na cara ou no sorriso dela, ou mesmo no seu traseiro, quando aquilo que se nos depara são duas formações pneumático-humanas altamente provocadoras e, porque não assumir, demoniacamente tentadoras? Sim, o verde. Ou muito me engano, ou esta menina participa no anúncio que passa hoje em dia na TV relativo a um seguro automóvel por telefone, cuja anterior garota-propaganda era a sobejamente conhecida e insonsa Marta? É ela ou não? Bikini verde? Eu tenho quase a certeza que sim.
Porque os sentimentos foram os mesmos: não consegui ver a cara dela, não vi mais nada à volta, desta vez nem sequer ouvi o que ela tinha para dizer – e certamente que disse algo de extrema relevância, algo de utilidade máxima para quem pense em mudar de seguradora, mas, francamente… quem se importa com isso? Só entrevi o peito dela. O peito da “menina verde”, designação com que eu baptizo este fenómeno meio anónimo e natural da evolução mamária. Também constato que ela arranjou mais um emprego – e não deve ter sido por causa dos dotes de bailarina nem de actriz.
Serve esta menina para lançar uma discussão que tem apoquentado toda a comunidade científica mundial: o que é feito das grandes mamas? Sim, aquela robustez taxativa do peito feminino, sempre a postos para saltar para além dos confins dos decotes mais envergonhados, no Inverno, ou mais explícitos, no Verão? Aqueles inebriantes sacos de leite de base arredondada utilizados com sapiência para iludir machos sonhadores e povoar-lhes os sonhos mais ou menos húmidos, objectos de culto massivo e de adoração dedicada? Aqueles fartos pedaços carnudos que convidam as nossas mãos a revelar-lhes a beleza da sua nudez, a nossa língua a rodear os mamilos protuberantes e apetecivelmente eriçados na nossa direcção, a nossa cabeça a afundar-se como uma bigorna indefesa no fundo dos mares de prazer que ocultam entre eles? Que é feito disso? E, atenção, eu falo de peitos naturais; falar-se de silicone é falar em jogo sujo, trapaça, tramóia, complexo de inferioridade, aberração biológica, choque visual, fast food sexual, etc.. Não há nada pior do que uma mulher artificialmente inflada. Quer dizer, até há coisas piores (tipo guerras e doenças e coisas do género), mas nada satisfaz mais do que um belo e sadio par de mamas ao natural.
Pensem em como podem ajudar a recuperar este conceito de grandiosidade fálica feminina, mas não com muita força, especialmente se estiverem no emprego. Mas pensem. Qual é o conceito de beleza hoje em dia? Magreza. Elegância. Não se pode exceder determinado limite de espessura. E os peitos sofrem com isso. As mulheres procuram contrair e, regra geral, os peitos vão atrás. É ver top-models a prestar mais atenção às calorias, ao cabelo, à roupa e às tatuagens do que ao peito. É ver apresentadoras de televisão a fazer implantes por dá-cá-aquela-palha. É ver nutricionistas a defender produtos que tornam as mulheres palitos sem massa carnuda e a convidar ao desporto intensivo. Já alguém conheceu alguma atleta olímpica fisicamente atraente? É com estes maus exemplos que cerceiam as oportunidades de desenvolvimento dos seios! Urge tomar consciência deste problema e estudar formas de combate à desmamificação global!
Parece só haver três alternativas contemporâneas para o crescimento mamário, nenhuma delas claramente satisfatória: 1 – silicone (já abordado); 2 – engordar (até certo limite, tudo bem, mas receio que muitas vezes os lípidos estagnem por outras partes corporais, ficando os resultados muito aquém do esperado); 3 – engravidar (efeitos de curto prazo ou tendência para engordar no médio prazo). Eu advogo o regresso às raízes: alimentação gordurosamente saudável e natural, muito leite e cálcio e uma crença em não-sei-bem-o-quê-porque-na-realidade-não-sei-mesmo. Para ser tudo em grande, como antigamente. Para um mundo com grandes mamas dos 18 aos 40. Para que as mulheres, adolescentes ou pré-menopáusicas, não tenham vergonha das suas grande mamas. Para que eu consiga ver meninas verdes por todo o lado, dançando com o peito ao léu e sem reservas morais, qualquer música que seja.

1 comentário:

linfoma_a-escrota disse...

tantas adolescentezinhas sofrem neste preciso acordar: oh sou tão gordinha, que feia que sou, ninguém nunca me kererá, mas nua é linda e deve foder como satã...

também escreves muito bem, já nem sei se hei-de convidar a muntubila, vocês têm aki o vosso espaço bem orientado, mas se tiverem visceras e tripas para cuspir avizem-me que o convite é omnipresente e imediato

salvé vicissitudes do sono
salvé morto ante-braço
salvé adolfo luxuria canibal