domingo, maio 31, 2009

Cock Robin

Os Cock Robin talvez tivessem tido mais sucesso se tivessem mudado o nome para Penis Batman.

Esta piada é do caraças. Vejam lá: demonstra conhecimento da música pop dos anos 80, do cinema no geral e dos filmes pornográficos e de acção em particular, da banda-desenhada e da inclinação do Robin para o pénis. E junta todos estes ingredientes num pequeno tachinho, adiciona-lhes aqueles pozinhos de ironia até a mistura adquirir uma forma consistente e depois é servi-la ainda esquentada, para desfrutarmos daquele paladar pleno de verve e traquinice. Brejeira ma non troppo, não vai cativar muita gente porque muita gente não reconhece a verdadeira arte da escrita espirituosa nem que ela se despisse a um palmo de distância.
Mas isso não lhe retira o mérito. É só uma frase. Só um ponto final, sem vírgulas. Curta. Ainda podia ser mais curta, porém é suficientemente curta. Curta e boa. Podia-se torná-la mais comprida mas assim está bem. Não é por nada, mas é melhor não desperdiçar tanta boa disposição só de uma vez. As coisas boas requerem preguiça para podermos amadurecê-las na nossa cabeça, mariná-las nos nossos sentidos e digeri-las com um prazer dolente. E sempre em pequenas doses, que é para não parecermos uns pelintras culturais cheios de fome. É, eu não quero esticar-me muito. O segredo está na contenção, em portarmo-nos como autênticos snipers da palavra, estarmos atentos ao supérfluo e, pumba!, resumir tudo ao essencial. É tão bonito. “Cock” por “penis” e “Robin” por “Batman”. Um grande trocadilho com todas as letras.
E às vezes, as ideias brotam nas nossas ramificações neurológicas qual Primavera da inspiração, refulgindo como brilhantes pedaços do pensamento intelectualmente superior ao sol, numa incisiva torrente de consequências imprevisíveis.

- Por que lhe acusavam de ser homossexual nos anos 80, Batman?
- Gostava de Cock, Robin.

Brutal.
E é melhor ficar por aqui.
Fica para a próxima, está bem?
Eu sou preguiçoso, já disse.
E estas foram muito boas. Não me peçam mais por agora.
Aproveitem.

Espectáculo.
Muito, muito bom.
Uma criatividade que abraça mais que uma vertente cultural.
Não se vê todos os dias.
Não tentem ir por aí… Isto não tão fácil quanto parece…
Tem que parecer que é fácil, mas não é… nada disso…
Engana muito, eu sei…
É preciso é jogar com várias referências ao mesmo tempo…

- Tens cara de Cock, Robin.
- Mas meto Pussy Galore...

Pronto, já fui um bocadinho longe de mais… esta já ninguém vai lá. Bolas, pá!, eu devia ter parado! Podia ter acabado quando as coisas ainda estavam lá para cima. Deslumbrei-me com tanta facilidade. Foi pena, estava tudo a correr bem… Mas ainda é uma graçola com o seu encanto, não é?... tem a sua gracita… pois é, pois é… ena, tem feito muito calor, não tem?... hmmm… olha ali, o que é aquilo?

- Já arranjei Cock, Robin.
- "Remember The Promise You Made"?
- Foi só um tracinho "Just Around The Corner".

Muito à frente. Outro campeonato. Uma brincadeira lexical de elevado nível. Quando pensavam que as coisas iam irremediavelmente a deslizar para o fundo acontece a estocada final. Com esta já não contavam, pois não?
Mas já chega de tanta palha. Não me posso esquecer do pacto de contenção.
Agora é que é.
Chega de amostras grátis.
Agora só mesmo a valer.
Onde é que eu assino?

- Já ouviste os Cock Robin?
- Não; eu só os chupo, Batman.
- Como assim? Não os conheces?
- Sim, sim... conheço alguns dos Bosques.
- Dos Bosques, Robin?
- Robin dos Bosques, sim, sou eu.

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