sábado, agosto 11, 2007

Ursos

Tantos fazem muito pouco. Mas, vê bem, é a tua figura. Refresquei o meu amor numa nupcial paisagem insular. Agendei noites fantásticas nas bermas dos nossos belos e mortais asfaltos, inalando benzina e outros derivados petrolíferos. É bom. É prolífico. É profiláctico. Bem te vi a olhar-me de lado quando me ultrapassavas no túnel. Olhas para a direita, piscas o olho à indiferença quando metes a quarta. Venha ela, caiam as cotações, vai ser golo à mesma. Tens o seguro de vida e uma mola ejectora nas tuas solas que nem sabes se funciona. Nunca foi preciso, mas vale ouro. Tudo corre mal aos outros. Tu e tu e os teus amigos e alguns amigos deles não podem estar errados. Eis o predador urbano. Eis a periferia do restrito círculo da moda. Instalas-te confortavelmente sob a guilhotina e acenas olás à sociedade. Boca cheia, boca mole, eis o meu novo furo. Espuma mental em ebulição. Não faz mal. Pensei com muito querer e creio ter querido demais, querida. Diz que se chama Beatriz. Bernardo. Leonor. Rafael. Leve com mais esta gravidez. Publicite o incesto e a procriação consanguinamente assistida. Tentações sexuais em dígitos etéreos pulsam na redoma do meu quarto. Uma dupla terça-feira afinal sabe a quinta-feira. É surrealismo grátis. Viva amanhã. Descobri nada. Quero ser como ele. Quero uma ortodontia ortodoxa para me expurgar em reuniões de antigos alunos. Assim como assim. Dá cá aquela palha. Põe-te na fila e deixa a tua avó a marcar o teu parqueamento. Na TVI vende-se parvoíce ao pixel quadrado. Bem barato. Crédito fácil. Já está. Crianças e adultos, juntos cavamos covas para os outros mortos poderem ter uma casa moderna. Gosto de focas e de pás e de abraços de sangue. Peluches e cantos de sereia substitutos da realidade. Isso já era. Isso talvez nunca tenha sido. Não quero ouvir. Não quero falar. Partamos à caça do caçador nos nossos sonhos mais secos.

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