Belém. Belém dos pastéis bem direccionados ao estômago – ao contrário dos livres directos de Paulo Torres. Belém da Cruz de Cristo sobre o magnífico fundo azul – e com as flores do plantel do FC Porto junto ao busto do Pepe, como o cartão vermelho junto da mão do rigoroso Martins dos Santos. Belém da II Liga – mais uma vez, ao que parece, e com contornos mais disputados que um lance a meio campo que envolvesse Rui França ou Eusébio (não a pantera negra, mas o caterpillar de Aveiro e Braga).
Houve uma Taça em 1988, cheia de Macaé, Baidek, Adão, Jaime, que ainda foi genial no futebol de praia, Galo, Juanico, o malogrado José António, Chico Faria e Jorge Martins, o veterano e anafado guarda-redes. Mas o declínio até à II Divisão, experimentado pela primeira vez entre 1982 e 1984, prosseguiu durante a década de 90, década na qual «Os Belenenses» sentiram fortemente o apelo da linha de água em diversas ocasiões. Quiçá inspirados pela estrela sem brilho, mas sempre com bigode, que foi Chalana; ou pela falta de cabelo de Mihailov (viram como ele recuperou depois de sair de lá?); ou pela ausência do último grande maestro que foi Mauro Airez, «Os Belenenses» viveram momentos desportivamente sofríveis no passado recente, mas ainda assim cromofilicamente frutuosos.
Principais responsáveis: logo à cabeça, um avançado que deu azo às mais variadas fantasias – Monga. A táctica nunca foi o seu forte e a técnica também não era muita, mas o seu nome chegou a um píncaro nunca antes visto. Monga. Rima com Bonga, o que não é bom. Monga. Diminutivo depreciativo de mongolóide, o que ainda é pior. Monga. Existiu, é verdade, não é invenção, estive vivo para presenciar e vivo estarei para transmitir a gerações futuras o nome que ainda hoje desperta sensações nas despidas bancadas azuis do Restelo: Monga.
Salam Sow quis chegar aonde Monga chegou. Mas falhou. Fertout procurou ser um bom jogador com um nome esquisito – não é fácil, sabia disso. Disfarçou apenas no início. M’Jid, embora voluntarioso, nunca ultrapassou o estigma inerente ao apóstrofe que tão distintivamente ostentava no nome – o de ser um jogador não mais que razoável, que desaparece ao fim de pouco tempo (a excepção mais honrosa foi, talvez, N’ Dinga). Honi Serge, camaronês promissor, deu-se mal com os ares do Restelo, tão propensos a ofuscar estrelas emergentes, vide Zoran Ban ou Adamczuk. Darci, poderoso brasileiro, não prometeu nem resolveu nada. Talvez Gonçalves, português remediado, ainda tenha sido quem mais remou contra a maré de vulgaridade que assolou esta zona nobre de Lisboa. Mas quando viu que andava a remar sozinho, exilou-se na Amadora e por lá desapareceu.
Estrategas tacticamente desenvolvidos, como o fantástico croata Bogicevic, não conseguiram fazer passar a sua mensagem ao balneário. Sorrisos como os de Milton Mendes e os de Nito não levantaram a moral do plantel. Corridas e fintas de João Paulo Brito, Carrasqueira ou Verona apenas deleitaram a espaços a “Fúria Azul”. Os arremessos laterais de Álvaro Gregório, que podiam ser a sua imagem de marca, perderam-se na mediania. Pedro Estrela acrescentou pouco brilho ao que seria esperado do seu nome. Pontapés e cabeçadas de Guto, Edmundo, João Manuel Pinto ou Orestes lá deixaram as suas marcas nos adversários, mas não marcaram golos. As bolas que Pedro, o Espinha, deixava anichar-se nas redes desesperaram os eternos suplentes Adamo e Justino. Nem a técnica perfumada de Taira, Tulipa ou de um velhito Abílio a conduzir jogo, com o apoio de Mauro Soares (que ainda andou pelo Algarve e conseguiu enganar fugazmente o Sporting), reconduziu os azuis a patamares superiores ao meio da tabela. Para cúmulo, duas das maiores promessas belenenses, Tonanha e Seba, que refinara a sua técnica invulgar no inevitável viveiro espanhol que foi o Desp. Chaves, abandonaram o futebol por problemas de coração.
E o coração destes adeptos, Velhos do Restelo, está um pouco como estes desgraçados cromos – aos solavancos. Para já, abandonaram os domínios da Superliga. Nós continuaremos por cá, atentos à fornada que está ao lume na fábrica dos pastéis. Na temporada que findou, os olhos estiveram postos em Dady, reforço que animou as hostes azuis, tanto como Rodolfo Lima e quase tanto como um pontapé de Ruben Amorim à barra ou mais uma bola de golo falhada escandalosamente por Ahamada, após trabalho esforçado de Fábio Januário na esquerda. Na próxima temporada, quem virá?
Houve uma Taça em 1988, cheia de Macaé, Baidek, Adão, Jaime, que ainda foi genial no futebol de praia, Galo, Juanico, o malogrado José António, Chico Faria e Jorge Martins, o veterano e anafado guarda-redes. Mas o declínio até à II Divisão, experimentado pela primeira vez entre 1982 e 1984, prosseguiu durante a década de 90, década na qual «Os Belenenses» sentiram fortemente o apelo da linha de água em diversas ocasiões. Quiçá inspirados pela estrela sem brilho, mas sempre com bigode, que foi Chalana; ou pela falta de cabelo de Mihailov (viram como ele recuperou depois de sair de lá?); ou pela ausência do último grande maestro que foi Mauro Airez, «Os Belenenses» viveram momentos desportivamente sofríveis no passado recente, mas ainda assim cromofilicamente frutuosos.
Principais responsáveis: logo à cabeça, um avançado que deu azo às mais variadas fantasias – Monga. A táctica nunca foi o seu forte e a técnica também não era muita, mas o seu nome chegou a um píncaro nunca antes visto. Monga. Rima com Bonga, o que não é bom. Monga. Diminutivo depreciativo de mongolóide, o que ainda é pior. Monga. Existiu, é verdade, não é invenção, estive vivo para presenciar e vivo estarei para transmitir a gerações futuras o nome que ainda hoje desperta sensações nas despidas bancadas azuis do Restelo: Monga.
Salam Sow quis chegar aonde Monga chegou. Mas falhou. Fertout procurou ser um bom jogador com um nome esquisito – não é fácil, sabia disso. Disfarçou apenas no início. M’Jid, embora voluntarioso, nunca ultrapassou o estigma inerente ao apóstrofe que tão distintivamente ostentava no nome – o de ser um jogador não mais que razoável, que desaparece ao fim de pouco tempo (a excepção mais honrosa foi, talvez, N’ Dinga). Honi Serge, camaronês promissor, deu-se mal com os ares do Restelo, tão propensos a ofuscar estrelas emergentes, vide Zoran Ban ou Adamczuk. Darci, poderoso brasileiro, não prometeu nem resolveu nada. Talvez Gonçalves, português remediado, ainda tenha sido quem mais remou contra a maré de vulgaridade que assolou esta zona nobre de Lisboa. Mas quando viu que andava a remar sozinho, exilou-se na Amadora e por lá desapareceu.
Estrategas tacticamente desenvolvidos, como o fantástico croata Bogicevic, não conseguiram fazer passar a sua mensagem ao balneário. Sorrisos como os de Milton Mendes e os de Nito não levantaram a moral do plantel. Corridas e fintas de João Paulo Brito, Carrasqueira ou Verona apenas deleitaram a espaços a “Fúria Azul”. Os arremessos laterais de Álvaro Gregório, que podiam ser a sua imagem de marca, perderam-se na mediania. Pedro Estrela acrescentou pouco brilho ao que seria esperado do seu nome. Pontapés e cabeçadas de Guto, Edmundo, João Manuel Pinto ou Orestes lá deixaram as suas marcas nos adversários, mas não marcaram golos. As bolas que Pedro, o Espinha, deixava anichar-se nas redes desesperaram os eternos suplentes Adamo e Justino. Nem a técnica perfumada de Taira, Tulipa ou de um velhito Abílio a conduzir jogo, com o apoio de Mauro Soares (que ainda andou pelo Algarve e conseguiu enganar fugazmente o Sporting), reconduziu os azuis a patamares superiores ao meio da tabela. Para cúmulo, duas das maiores promessas belenenses, Tonanha e Seba, que refinara a sua técnica invulgar no inevitável viveiro espanhol que foi o Desp. Chaves, abandonaram o futebol por problemas de coração.
E o coração destes adeptos, Velhos do Restelo, está um pouco como estes desgraçados cromos – aos solavancos. Para já, abandonaram os domínios da Superliga. Nós continuaremos por cá, atentos à fornada que está ao lume na fábrica dos pastéis. Na temporada que findou, os olhos estiveram postos em Dady, reforço que animou as hostes azuis, tanto como Rodolfo Lima e quase tanto como um pontapé de Ruben Amorim à barra ou mais uma bola de golo falhada escandalosamente por Ahamada, após trabalho esforçado de Fábio Januário na esquerda. Na próxima temporada, quem virá?
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