quarta-feira, junho 13, 2007

Eu Sou Arraçado do José Couceiro

Pais, Sidónio (SI) – Não me conformo!
Dassaev, Rinat (DA) – Toma um rebuçado Dr. Bayard e isso passa.
SI – Irra, pá! Isto deve ser a minha sina por ter tentado ser um protótipo de ditador popular em plena Guerra Mundial!... Malditos rapazes republicanos!...
DA – O Dr. Bayard era até há pouco tempo produzido no coração da Amadora. Tem selo de garantia. Medalhas de distinção. Prestígio consolidado.
SI – Não tenho nenhum problema de estômago. O meu problema é sexual.
DA – Ah é, SI?
SI – Sim, DA. Não consigo ter um bom desempenho sexual com a minha mulher.
DA – Nem com um rebuçadinho do Dr. Bayard a caminho do Portugal dos Pequeninos?
SI – Qual quê. Tenho sinais perturbantes de perda de erecção. A impotência progride com uma sádica voracidade sobre o meu outrora robusto ornamento fálico.
DA – Eu sou daquelas pessoas que não consegue andar de cabeça levantada no Portugal dos Pequeninos. Aquele empreendimento fascizante oprime a minha dignidade.
Luís Gomes – Sou ou não sou parecido com o José Couceiro?
SI – Se calhar, o problema não é só meu. Noutro dia, dei com a milha mulher a retirar o seu tampão e vi-a a menstruar-se. O conteúdo da sua menstruação não me agradou. O sangue, além de fétido, parecia coagular-se com pedaços de…
DA - … rebuçados Dr. Bayard?
SI – Não, diria mais pezinhos de coentrada. Ou peixinhos da horta. O que é que parece mais nojento?
DA – A receita dos rebuçados Dr. Bayard é o quarto segredo de Fátima. Directamente do santuário para um edifício habitacional reconvertido numa praceta da Amadora.
SI – O sangue vertia pelas suas pernas como se estivéssemos a abrir uma lata de concentrado de tomate: maioritariamente, uma solução líquida; porém, com inquietantes pedaços sólidos que ribombavam quando se esparramavam no bidé. Depois de presenciar aquele horror gráfico, ainda tentei uma confraternização pacata, fomos colocar amendoins na tromba do elefante no Jardim Zoológico. Mas quando dei por mim…
DA – (Olha lá só isto que eu vou fazer) Estás a ouvir, pá, confias mais no Dr. House ou no Dr. Bayard?
Fox Mulder – Doctor Who?
DA – Pois, vocês os das séries são todos uns corporativistas, é o que é.
SI - … quando olhei à volta, reparei que a minha mulher estava a praticar sexo oral com o paquiderme, enquanto eu me entretinha a alimentá-lo. Foi deveras desanimador, até senti o riso das hienas perpassar a minha pele. Mas o que realmente considerei abjecto foi a quantidade de sémen segregada por aquele quadrúpede imponente, quase que afogou a minha esposa numa pasta viscosa esverdeada carregada de espermatozóides gigantes. Não que ela se importasse; aliás, ela absorveu todo aquele repuxo como se de uma monção sagrada se tratasse, lambendo encarecidamente todas as gotículas que lavavam os seus óculos Ray-Ban e todos os pequenos resquícios que se demoravam no interior da uretra. E isso enojou-me, fez-me perder o interesse, tanto por ela, como pela zoologia enquanto uma ciência que estuda comportamentos e relações animais.
DA – Por mim, África só será África com rebuçados Dr. Bayard. E não digo isto por dá cá aquela palha.
Luís Gomes – Eu só quero que me digam se não sou parecido com o José Couceiro.
SI – E a forma como ela corta as unhas dos pés? Sabeis que os Adiafa não ficcionaram para compor o êxito “As Meninas da Ribeira do Sado”? Foi a minha esposa que lavrou as terras para eles. Depois de muita sodomização colectiva, evidentemente. Não compreendo qual o prazer da sodomização em função das actividades agrícolas. Ainda por cima, sodomização fomentada por uma cooperativa agrícola que utilizou meios de produção nacionalizados nos tempos da Reforma Agrária. Não devia haver misturas: arado é na terra, sodomizar é enterra.
DA – Para um desenvolvimento sustentado das unhas dos pés recomendo amor, carinho e rebuçados Dr. Bayard. Ou não fosse eu um completo cliché.
SI – Mas a maneira como ela trincava as fatias de unhas, que ela mesma arrancava em delírios contorcionistas dos seus próprios dedos calejados e invadidos por joanetes de cariz semi-impressionista, isso sim, aplicava o golpe de misericórdia na minha libido. Aqueles nacos infectos e mal-lavados a acotovelarem-se por todas as suas cavidades dos dentes e a refulgirem ao sol, riscando o batôn dos seus lábios e sintonizando-se num perfeito contraste com os dentes apodrecidos que ela tão briosamente lutava por conservar…
DA – Dizem que na compra de um cinto de ligas da Sloggi ganhamos um saco de rebuçados Dr. Bayard.
Robert Mugabe – Will you just shut the fuck up?
DA – Mais um que não sabe apreciar a lingerie… enfim…
Luís Gomes – Tenho ou não tenho evidentes semelhanças físicas com o José Couceiro?
DA – Bolas, que este gajo é repetitivo! Que é que queres afinal? É bom que tenha algo a ver com rebuçados Dr. Bayard…
Luís Gomes – Se me disserem que eu não sou parecido com o José Couceiro, eu escuso de me vestir todos os dias com esta farda de sargento. Eu só uso a farda todos os dias como factor de diferenciação.
SI – O hábito não deve fazer o monge. Mas, pronto, eu digo que não, só para poderes ir à vontade com a tua criança ao parque de diversões envergando uma roupa menos ridícula que não a embarace.
Luís Gomes – Obrigadíssimo. Podeis retomar o diálogo.
SI – Falávamos sobre o quê?
DA – Ou era sobre a inutilidade das grandes enciclopédias na sala de estar ou sobre os rebuçados Halls Mentho-Lyptus.
SI – Não era Dr. Bayard?
DA – Eles venderam-se ao grande capital. São um logro. Burgueses cheios de jactância.
SI – Está bem… Faz-se tarde, tenho de apanhar o transporte para Ranholas.
DA – Fazes bem, Meleças não é sítio para ti, respira-se muito fumo intelectual. Vais apanhar o transporte a Entrecampos?
SI – Não, pá, vou apanhar o comboio na Estação do Rossio.
DA – Se fosse eu a ti não ia para a Estação do Rossio. A História diz-nos que tu morres lá. E, para além disso, está fechada.
SI – Mas nós não queremos mudar a história, pois não?
DA – É melhor não. Depois ainda aparece algum maluco qualquer com uma factura histórica para nós pagarmos e é o ver se te havias. Vai lá morrer como deve ser.
SI – Vens comigo?
DA – Não, deixa estar. Vou ficar por aqui a ver se a fila para os Pastéis de Belém começa a avançar. Queres um rebuçado Halls Mentho-Lyptus?

3 comentários:

Muntubila disse...

:DD muito bom!!! e até se vislumbra já, digo eu, aquele horizonte de rasgo aquadrinhado em forma de diálogos tão sui generis. sim portucale pequenitaite phasxizóide, percevÉjes a bordos-fera, quisto dos musicóis... não assoa nem deixa assoar, mas no final é tudo MUUUUITO menos simples.

Não comunicar equivale a não pensar, for all that matters, SIM! e empreendimentos que controlam, MAS NÃO SE-VÊEM, PORQUE ENCADEADOS gostaste? lembro-me de tudo o que escrevo BEM, em predatórias querys googlianas por suas presas, ahahah, e flecham à mínima autista razão antecipada, como se pudessem acertar e ganhar, sem perder no fundo (so close yet so far, suspicious minds, t r u s t). Em que é que ficamos então? Quem oprime os pequeninos vomitados? o mais pequenino logo a seguir? arghhh! AS REGRAS? VIOLA, FODA-SE, VIOLA, VIOLA, VIOLA. Ódios infundados da noite para o dia na face do Couceiro? Mas porque é que o Coiceiro não deixa o Nani jogar aberto na frente de ataque? Será ex-treinador dos cromos do Vinha e do Fitxcho Lagarto? Enfim. Mandei isto para a minha mailing list inteira vamos a ver o que se diz.

Muntubila disse...

Vou escrever um post sobre orgulho.

Muntubila disse...

Lá para D-I-A-1-6.