terça-feira, julho 24, 2007

Enorme Reportagem

Hoje vamos contar-lhe a história da fadista Dália Dengosa, uma jovem com problemas de incontinência que encontrou na música portuguesa uma forma de solucionar os seus problemas monetários, mas não a incontinência que a afligia. Assombroso. Ela é Dália Dengosa, a cantadeira mais mijona de Alfama e arredores, se é que ainda há casas de fado nos arredores. E mesmo no centro da cidade existem fundadas dúvidas. Uma inquilina num prédio quase, quase condenado e praticamente, praticamente devoluto na zona antiga de Lisboa (i.e., pode ser em qualquer lado da capital, excepto no Parque das Nações) confirmou-nos que já não há casas de fado como antigamente, mas sabe que as casas de alterne florescem como cogumelos na zona, se por acaso os cogumelos florescessem. Além do mais, esta inquilina, que não se quis identificar como sendo a D. Cidália da Bica, jura a pés juntos que viu o Abel Xavier a entrar numa dessas casas de alterne. Sim, Abel Xavier, numa casa de alterne. Ou num bar gay. Num local de pura devassa, portanto. A D. Cidália da Bica, curvada na janela do rés-do-chão do seu nº 32 da Rua dos Mártires e a coberto do seu anonimato, lá revelou que há muitos australopitecos a rondar a zona em busca de diversão e de algum prazer barato e superficial. Isto durante a semana. Ao fim-de-semana, são mais frequentes as visitas de homens do Neanderthal, munidos de óculos extravagantes e adereços de moda bizarros. Um deles é capaz de ser Abel Xavier. Mas poderá ser Dennis Rodman. Quem diria, dos Chicago Bulls para Alfama vai uma grande distância. Bulls são touros, touros, tourada, Campo Pequeno, Campo Grande, é no interface do Campo Grande que nos vamos encontrar, ali junto às penas do pombo morto e perto da poça de urina que amarelece o azulejo riscado com deliciosas tags, sempre tão graciosas, de microfone na mão, questionando à senhora que vende nougats, “Para quando uma promoção de Verão? Tipo: 3 nougats, 50 cêntimos, com oferta da canadiana com que fingi um estiramento do calcanhar na semana passada na compra do 6º nougat?”. Não há sentido de marketing. Os vendedores de rua não se sabem promover. Nem eles, nem os ceguinhos do metropolitano, que, passe a chalaça fácil, não têm visão nenhuma para o negócio. E três-meia-volta lá estão a pisar alguém e a dar com os cornos no varão central. Se eles fossem mesmo cegos, claro. Mas promoção, promoção, é no Corte Inglês. Sim, a cadeia espanhola que reduziu o preço dum par de luvas de veludo de 2.399 € para, SOMENTE, 1.598 €. É aproveitar, senhoras, é aproveitar, não se deve voltar a repetir a palavra “promoções” assim tão cedo no Corte Inglês e, para mais, correctamente escrito em português. Porque já se sabe, os espanhóis, por mais que tentem, nunca vão conseguir falar português fluentemente. Así como nosotros hablamos castellano. La lengua no se llama “español”, eses coños no tienen ninguna identidad, são uma manta de retalhos regional, qual deles a mais parva, não sei, você sabe? Escreva no cupão que pode encontrar dentro da revista “Mature Fondling”, se não a conseguir encontrar nos bons quiosques, procure nos maus ou fale com o seu filho mais novo, ele certamente que saberá onde encontrá-la, preencha com o seu nome, morada, NIB e tipo de sangue e envie para o Sindicato da Hotelaria do Sul e Ilhas, indicando o motivo porque os espanhóis são assim tão parvos. Custo do envio: selo de 75 cêntimos e marcação obrigatória de um fim-de-semana de luxo em Vila Nova de Milfontes. Sim, porque o Algarve está cheio. De espanhóis também. É uma vergonha, o turismo algarvio está sempre pior em cada ano que passa, a base de referência, o índice = 100, deve ter sido, na melhor das hipóteses, em 1876, mas nessa altura nem devia haver Algarve… ou será que já havia? Não interessa, porque hoje estamos aqui para falar de Dália Dengosa, uma jovem hemofílica que, acaso dos acasos, deu em fadista. E é incontinente. “Incontinente” significa duas coisas: escassa capacidade da bexiga reter os líquidos e anti-Continente. Anti-Sonae. Anti-Belmiro de Azevedo. É bem feita. Anda a chular os pobres trabalhadores, isto ouvimos nós da boca dum sindicalista, enquanto preparávamos a reportagem. Como é possível existirem sindicalistas no século XXI? Como é possível passarmos 30% do nosso tempo útil de vida num hipermercado a contemplar prateleiras de mixórdias que nunca iremos comprar? É possível, sim senhor, é mesmo possível, é tão possível como terem escolhido as mulheres mais borbulhentas e enfezadas para estarem na caixa a receber o nosso cartão de débito e a desejarem-nos “Boas Festas” com uma cara de frete imenso. É exploração? É má-educação? O que será? O que sei é que não pago essa exorbitância para comprar fraldas que irão ser cagadas, de uma forma ou doutra, por putos muito mais feios e muito menos sorridentes que os putos que figuram na embalagem. Ah, pois é, agora vai mudar a fralda nojenta e semi-milionária do puto, que eu tenho um jogo de futebol para ver. Sim, soa a cliché, mas o que não é cliché hoje em dia? Não respondam, pensem apenas. Pensar = aquilo que costumávamos fazer antes de ligar a PlayStation. Foi há muito tempo, eu sei. Não levante esse cu gorduroso da cadeira e acabe lá o ProEvolution Soccer. Acomode-se bem e fique para ver esta reportagem. Sobre Dália Dengosa. A fadista que o é por mera coincidência. Não perca.

Sem comentários: