quarta-feira, julho 18, 2007

Momento Cláudio Ramos

PRÓLOGO
Uma vez, enquanto passeava num centro comercial, o Cláudio Ramos passou e olhou para mim.
De alto a baixo.
Eu não reparei na altura.
Disseram-me depois.
Quando tomei conhecimento, assumi que a ocorrência tinha sido mais que uma simples curiosidade.
Foi algo perturbante.
Uma estranha sensação de repulsa percorreu-me o corpo algum tempo após o incidente.
Uma espécie de náusea com jet lag assolou-me.
Não desejo isto a ninguém.
Pronto, podia ter sido pior.
Tipo… Não quero imaginar.

MOMENTO CLÁUDIO RAMOS
No treino do Benfica, Justino, treinador de guarda-redes, procurava comunicar com o recém-chegado Hans-Jörg Butt, guardião alemão acabadinho de chegar ao nosso país e, consequentemente, com domínio praticamente nulo da língua de Luís Vaz. A comunicação fez-se com o auxílio de linguagem gestual. O maestro Rui Costa, ao longe, gracejou: “Ó Justo, escusas de falar com ele que ele não percebe a língua de Chelas”. Justino replicou: “Percebe, percebe, eu sou um poliglota”.
Num assomo de dever público, a RTP emitiu esta peça num Telejornal. Mais palavra, menos palavra, a situação está toda aqui. Embora aparentemente simples, várias ilações se podem extrair deste trecho:
- Butt, em inglês, é sinónimo de “rabo” (a parte corporal). Creio que ele encontrou o clube certo para prosseguir a sua carreira. Toda a gente sabe que “rabo” e “merda” combinam na perfeição.
- Hans-Jörg Butt é homónimo de Nicky Butt, um médio inglês do Newcastle e amigo longínquo de David Beckham. Provavelmente, o Benfica enganou-se no “rabo”, pois com o Hans-Jörg fica com 3 guarda-redes no plantel (até ver), sendo sabido que só um é que joga, ao invés de ficar com um médio com poderia suprir a saída do portentoso Beto e do orelhudo Karagounis. Eles lá sabem. O “rabo” já está cá e já se equipa de cor-de-rosa. Não há coincidências?
- Rui Costa teve uma atitude altamente racista e xenófoba. Então em Chelas não se fala português? O que é que o maestro quis insinuar? Teria alguma coisa a ver com as minorias étnicas que por lá habitam? Será que o Rui Costa sabe quem é Sam The Kid, o paladino da língua portuguesa originário de Chelas? Saberá o Rui Costa os perigos a que se expôs? O Justino tem culpa de ser de Chelas (por acaso, até julgo que ele é do vizinho Bairro do Relógio)? Esperava outra atitude por parte do maestro, visto que ele é um exemplo para a juventude.
- Justino tem a alcunha de “Justo”. Até aqui tudo bem, é o que se espera dum treinador. O chocante foi ele assumir que em Chelas fala-se realmente outra língua, considerando-se a si mesmo um poliglota que domina tanto o português como o cheliano. Mais uma vez, os preconceitos retrógradas vieram à tona.
- Não fossem os Gato Fedorento benfiquistas primários, bem como uns humoristas selectivos que só brincam com o que querem e com o que não lhes afecta directamente (e estão no seu direito), e já imaginava um cartaz a zombar com o Rui Costa e o Justino à porta da Caixa Futebol Campus, que poderia ser “Vamos de férias para o estrangeiro, vamos a Chelas, boa viagem”, ou qualquer coisa assim. Deixo a sugestão.
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Ainda revolvendo em torno do tema Benfica e do seu jersey rosa: o Outra Louça captou a subtileza de Nuno Gomes há cerca de um ano,
neste post. De tudo isto se infere que a decisão do equipamento alternativo ser rosa foi tomada após alguma reflexão. Há alguém no Benfica que percebeu as preferências de Nuno Gomes e que reconheceu a crítica atenta do Outra Louça. Não deve ter sido Luís Filipe Vieira. Os blogues não devem fazer parte do seu cardápio cultural. Se tiver cardápio cultural, claro.
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Comandante Sousa Monteiro, na SIC, a comentar o desastre no aeroporto de S. Paulo: “O avião é belíssimo”. Isto a ver uma imagem do avião totalmente destruído e em chamas.
Esperava que o Comandante soubesse utilizar melhor a língua portuguesa. Devia ter utilizado o pretérito perfeito do indicativo e não o absurdo presente do indicativo. Mais Diogo Infante fazia-lhe bem.

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Se um ano civil tem 365 ou 366 dias e o ano comercial 360, o ano português de trabalho possui menos de 300 dias úteis. Muito menos. Em Julho e Agosto não se tomam decisões, protelam-se as mesmas até Setembro. É um dado adquirido: nada se faz no Verão. A própria gestão corrente fica em piloto automático. As pessoas que decidem têm apenas 25 dias de férias, mas já se sabe que, inevitavelmente, alguém mais indispensável às decisões estará de férias exactamente nos dias em que essas pessoas não estão. E isto quando não se armam em espertos e metem férias em Junho ou Setembro. E depois vem o Natal. E o Ano Novo. E a Páscoa. Viva a produtividade.
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Quero saber qual é a cunha do Fernando Alvim na SIC. Porque é que este gajo se mantém no ar? Já todos percebemos que ele é mau. Então porquê? Tanta gente sem emprego, tanto emprego sem gente capaz. Alvim rima com Penim, todavia, e isto pode ajudar a explicar muito. Ou muito me engano, ou temos aqui um novo Luís Pereira de Sousa em projecção. Sem bigode mas ainda mais parvo.
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EPÍLOGO
Brian Eno (sim, tal como o antiácido substituto do Alka-Seltzer), famoso músico e produtor que já colaborou com David Bowie, U2 e Talking Heads, entre outros, é o prestigiado autor da música de abertura do Microsoft Windows 95. Não era qualquer um que compunha aquilo. Ficamos com a ideia que todos temos as nossas vicissitudes comerciais e os génios não são excepção. Fica aqui o registo, é um pedaço de cultura geral que pode servir para meter conversa em elevadores encravados.

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