terça-feira, julho 10, 2007

Lições Aprendidas do Rocky I ao Rocky III

Le crème de mer é um creme de merda. Efectivamente. Como compreendo o teu desespero com a trivialidade. Tudo o que nos circunda é muito mediano. Quero ver-te na roulotte daqui a cinco minutos. Vais sentir como batem os outros conceitos de futilidade que te vou mostrar. Vais aprender a desfrutar da minha futilidade transcendental. As arritmias cardíacas fazem-me cócegas e eu não consigo parar de me rir. Nunca me soube tão bem morrer tão devagar. Sinto um ardor carnal que extravasa o meu peito. A minha gasolina é tudo o que me faça mal. O meu motor é movido pela força da destruição do meu próprio equilíbrio biológico.

Quilos de ar.

Litros de pedra.

Metros de álcool.

Palavras a granel.

Números anónimos.

Sim, és uma merda como o creme que espalhas na tua tromba. Mas podes crescer, ser ainda maior, divergir para cima e para a frente, ser uma merda exponencialmente e orgulhosamente rompante. Uma grande merda e uma merda da grande. Mas, ainda assim, com um encanto sublime, fantástico, heróico. Sim, o teu espelho está deformado pela quantidade de metilenodioximetanfetamina que tomaste. Ou marijuana. Ou haxixe. Ou cocaína. Ou heroína. Ou super cola 3. Ou tubos de escape debitando fumos de gasóleo queimado. Espetem-me tudo, vais ver como as tuas células não se vão importar de desaparecer pela grande causa que é a tua causa. Tudo posto cá para dentro ao mesmo tempo, como se dum self-service diabólico aqui à mão de semear se tratasse. A tempestade da cólica e da ressaca combate-se pela fuga em frente, rumo ao precipício da devassa. Este meu corpo delgado esvai-se pelos intestinos fétidos da insuportável realidade. Não era suposto isto ser uma festa?

Eu sou o joker e este é o meu baralho de seguidores. Estamos todos fartos de autoridades ocas e de procedimentos mecânicos, queremos rejeitar as lições do Tonecas e abraçar o caos delirante do inconsciente efervescente no nosso crânio. Tu não és mais que um conjunto de pele e ossos, então homenageemos essa divindade superficial que tão bem me cai no goto. Queres ser como eu mas não sabes como nem quando começar. Eu não te ensino nada. Tens é que perder todo esse conforto burguês e toda a noção das coisas tal como tu conheceste desde o berço. Vais perder tudo para ganhar apenas conforto moral. Estás pronta para hipotecares o teu futuro às mãos da juventude insensata?

É como levar um murro no estômago e ficar a sorrir, esperando pela lâmina que vai esfacelar o teu pescoço sem dares bem por isso. A tua cabeça é mais bonita que a da Maria Antonieta no cadafalso, ninguém te disse isso? Oferece-me a tua cabeça, eu pago-te mais esta volta no carrossel mágico a que pretendes aderir. Onde todos os bonecos são tão bonitos quanto ilusórios. Flutua e plana eternamente no etéreo irreal. Serei o mais simpático dos teus hipotéticos executores. Serei o teu anjo do infortúnio. Dentro de cinco minutos. Apenas ida, nenhum regresso possível ou desejável. Viva o espectáculo da decadência.

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